Ainda sobre o blended learning no Ensino Superior Ampliação do tempo e diluição do espaço: Best of Both Worlds?
DOI:
https://doi.org/10.34630/pel.vi1.2474Abstract
Reconhecendo a impermanência e a transitoriedade dos valores societais contemporâneos no que à educação diz respeito e a igual impermanência e transitoriedade do conhecimento associado às tecnologias, perguntar-se-á: valerá a pena o exercício de compreender o que está por detrás de buzzwords que representam conceitos difusos do cenário educativo do Ensino Superior?
Num estudo anterior (Fernandes, 2015), defendemos que a análise de conceitos e a construção de definições que estabilizem o seu significado são tarefas de base linguística e terminológica fundamentais à consolidação de qualquer domínio do conhecimento e, como tal, um exercício que vale a pena. Em particular, o trabalho em torno da compreensão e delimitação conceptual através da representação linguística justifica-se quando um domínio não se encontra ainda claramente cartografado.
Nas duas últimas décadas, o conceito de blended learning assumiu um forte protagonismo no panorama do Ensino Superior Português, directamente decorrente do processo transformativo que levou as instituições a definirem que cenários educativos passariam a oferecer à sociedade em rede. A nível internacional, os cenários e os estádios de evolução diacrónica deste processo tomaram ritmos e contornos próprios, sendo a realidade norte-america claramente distinta da europeia e tendo qualquer das duas um carácter multiforme (Norberg & Jahke, 2014, p. 251). Não obstante, foi possível identificar um denominador comum. O movimento em direcção à incorporação tecnológica no Ensino Superior foi perpassado de fortes motivações político-económicas impulsionadas pela necessidade de extensão do capitalismo a uma cultura digital sustentada no conhecimento.
Apesar de qualquer inovação ameaça[r] o equilíbrio da organização existente (McLuhan, 1963, p. 281), o Ensino Superior Português respondeu positivamente à necessidade de mudar, apresentando iniciativas reformadoras que propuseram novos esquemas de funcionamento (Monteiro & Moreira, 2013, p. 33). Do ponto de vista institucional, o desenho pedagógico da oferta educativa e formativa passou a ser multidimensional e flexível, albergando formalmente uma diversidade de formatos. Foi neste espaço que progressivamente se afirmou o conceito de blended learning.
Mas, afinal, de que falamos quando designamos um modelo de ensino e aprendizagem blended learning? E que atributos pretendemos salientar quando optamos por essa designação? Nesta reflexão, consideraremos um conjunto de argumentos diacrónicos que permitem uma compreensão aturada do conceito e que fundamentaram nossa proposta de definição.
Full Article