Artigo
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Resumo:
O vídeo apresenta-se como um recurso valioso e muito utilizado nos contextos de ensino a distância e nas metodologias de flipped classroom. A produção e a realização de conteúdos em formato vídeo, para estes contextos, regem-se por regras específicas da linguagem audiovisual e requerem a utilização de um guião de planificação de gravação e de edição de vídeo com um questionário embutido. O guião proposto neste trabalho considera para cada plano de vídeo: a escala de planos, as posições da câmara, os movimentos de câmara, os movimentos de personagens, a ação, as falas, a música, e as questões para autoavaliação. O guião proposto, aglutina todos os itens necessários à produção e à realização de um vídeo numa estrutura holística que assegurará ao produtor/realizador do vídeo o controlo eficaz da narrativa e ainda, através dos questionários embutidos, permitirá ao aluno realizar a autoavaliação do seu progresso e também do seu sucesso na aprendizagem proposta. Deste modo, o modelo de guião proposto disponibiliza a informação necessária e precisa sobre os diversos itens que permitem a produção e a realização de vídeos orientados para os ambientes de ensino a distância e para as metodologias flipped classroom.
Palavras-Chave: Planificação de vídeo, Escala de planos, movimentos de câmara, posição da câmara, Ensino a Distância, Flipped Classroom.
Abstract:
The video appears as a valuable and widely used resource in the contexts of distance learning and flipped classroom methodologies. The production and the direction of contents in video format for these contexts, are guided by specific rules of the audio-visual language and require the use of a recording and video editing script with embedded questionnaire. The script proposed in this work considers, for each video shot: the shots scale, the camera positions, the camera movements, and the movements of characters, the action, the speeches; the music, and the questions for self-assessment. The script proposed brings together all the necessary items for the production and the direction of a video in a holistic structure that will ensure that the producer/director of the video has an effective control of the narrative and also, through the built-in questionnaires, it will allow the student to carry out the self-evaluation of their progress and their success in the proposed learning. Thus, the proposed script template provides the necessary and accurate information about the various items that allow the production and direction of videos that are oriented to the distance learning environments and the flipped classroom methodologies.
Keywords: Video planning, Shots scale, Camera positions, Camera movements, Distance learning, Flipped Classroom.
Introdução
Quando lemos livros apreendemos as histórias e quando escrevemos textos contamos histórias. Estas histórias são formadas por palavras, que se agrupam em frases, que se agrupam em capítulos, que formam um livro. Nesta estrutura a palavra é a unidade de comunicação e rege-se pela codificação verbal.
Fazer um vídeo exige o conhecimento e a compreensão dos princípios e da terminologia da cinematografia, tais como: planos, cenas, sequências, posições de câmara, movimentos de câmara, movimentos de atores, ação, desenvolvimento da ação, falas, efeitos especiais, música e edição, entre muitos outros. Esta terminologia é designada como a gramática do filme ou do vídeo, e constitui-se como o idioma usado para contar histórias de forma audiovisual (Sal, 2018). Nesta estrutura é o plano a unidade de comunicação e rege-se pela codificação icónica e audiovisual.
Nos cursos disponibilizados nas plataformas de ensino a distância (EaD) o vídeo desempenha um importante papel na disponibilização de conteúdos integrados multimédia, isto é, pode disponibilizar imagem fixa, imagem em movimento, som, texto e interatividade, de forma isolada ou de forma conjugada entre dois ou vários media. Podemos considerar o vídeo como o meio mais utilizado e mesmo o mais adequado para disponibilizar conteúdos em contextos de ensino online (Guo et al., 2014) (Hansch, et al., 2015). As principais plataformas que disponibilizam cursos online utilizam o vídeo para a apresentação e distribuição dos conteúdos (Silva, et al., 2017). No ensino a distância cada aluno tem o seu tempo, isto é, é ele que decide quando e onde é que faz formação. Esta possibilidade de cada aluno personalizar a maioria do seu tempo de formação, dá-lhe uma autonomia de gestão do tempo e do espaço quase total o que origina que muitas vezes os seus tempos não coincidem com os tempos previamente estipulados para o apoio do professor ou do tutor, e como diz Zappata, todo o vídeo deverá conter na sua estrutura mecanismos que possibilitem superar essa falta de apoio (Zappata-Ros, 2016). Nestes casos, o vídeo deve conter questionários embutidos de forma integrada que permitam ao aluno realizar a autoavaliação do seu progresso e também do seu sucesso na aprendizagem proposta (Silva, et al., 2017), pois que, como afirma Figueiredo, qualquer contexto de aprendizagem tem de conter em si próprio as orgânicas indispensáveis à avaliação do seu próprio sucesso (Figueiredo, 2016). No EaD o vídeo passa para o aluno o controlo do seu ritmo de aprendizagem, através da facilidade de acesso e manipulação do visionamento dos conteúdos, podendo rever sempre que achar necessário, o que incrementa a motivação, o interesse, o empenho e o envolvimento dos alunos na sua aprendizagem de forma ativa e interativa (Silva, et al., 2017). A metodologia de Flipped Classroom usa o vídeo como meio privilegiado para disponibilizar os conteúdos aos alunos (Peres & Mesquita, 2015).
A produção de conteúdos em formato vídeo para contextos de ensino a distância requer um conjunto de competências técnicas e pedagógicas específicas, que contemplem a planificação e a observância das regras da linguagem e da gramática do audiovisual. O instrumento fundamental da planificação de um vídeo para o ensino a distância é o guião de gravação e montagem. Este guião utiliza conceitos base, tais como: plano, cena, sequência, movimentos e posições da câmara, escala de planos, falas, música, efeitos especiais e questionários (Silva, 1996). O vídeo enquanto meio de comunicação tem uma linguagem própria e específica, cujo conhecimento e aplicação é imprescindível para se atingir quer os objetivos pretendidos quer uma comunicação eficaz. A realização de um vídeo, seja qual for o grau de complexidade exigido, requer conhecimentos e competências específicas e implica o recurso a equipas multidisciplinares que contemplem docentes e profissionais do audiovisual, do design e do multimédia. A linguagem do vídeo baseia-se no conceito de plano – a unidade de comunicação em vídeo. Outro conceito importante é a escala de planos de vídeo, que é formada pelo conjunto dos diferentes planos (Feldman, 2005). Existem diferentes escalas de planos, mas no essencial, todas elas são idênticas. A escala de planos de vídeo que vamos tratar neste trabalho agrupa os diversos planos de vídeo em três grandes grupos: planos descritivos; planos narrativos e planos expressivos (Silva, 1996).
O Plano de Vídeo - Caracterização - Os três fatores
Na linguagem audiovisual os planos, enquanto unidades constitutivas que veiculam a informação, formam uma estrutura organizada e com significado suportado na codificação icónica. Os planos são as unidades da comunicação das narrativas audiovisuais e são caracterizados por três fatores principais:
1º Fator: Distância da câmara ao assunto;
2º Fator: Posição da câmara;
3º Fator: Movimentos da câmara.
1º Fator: Distância da Câmara ao Assunto - A Escala de Planos
A distância da câmara ao assunto provoca visões próprias do personagem ou do objeto, às quais correspondem enquadramentos com designações diferentes e que determinam as características de cada plano. Deste modo um objeto ou personagem assume uma representação diferente em função de, no momento do registo ou gravação, a câmara estar mais próxima ou mais afastada dele. Se a câmara está muito próxima veremos o objeto ou o personagem enchendo todo o enquadramento, todo o quadro. Pelo contrário se a câmara está muito afastada, veremos não só o objeto ou personagem, como também o cenário e o ambiente que o rodeia. É esta característica que está na origem da designação distância da câmara ao assunto.
É em função da proximidade ou do afastamento do sujeito em relação à câmara que se forma a escala de planos, variando esta, entre o plano de pormenor - proximidade máxima do sujeito à câmara; até grande plano geral - afastamento máximo do sujeito à câmara (Kulechov, 1956). Esta escala de planos divide os planos em três grandes grupos desempenhando cada um deles funções específicas que podem ser: descritivas, narrativas e expressivas.
- Grupo 1. Planos Descritivos. Planos destinados a informar o espectador onde acontece a ação - Favoráveis ao Ambiente;
- Grupo 2. Planos Narrativos. Planos destinados a informar o espectador sobre quem conta a história - Favoráveis à Ação;
- Grupo 3. Planos Expressivos. Planos destinados a informar o espectador como é contada a história - Favoráveis à Expressão e à Fisionomia.
Grupo 1. Planos Descritivos – Favoráveis ao Ambiente
| Grande Plano Geral - GPG
Enquadra uma ampla paisagem. O Cenário é o protagonista. Personagens inexistentes. Este plano é favorável ao ambiente. |
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| Plano Geral - PG
Predomina a paisagem e o cenário sobre o personagem. Personagens insignificantes na paisagem. Este plano é favorável ao ambiente. |
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Grupo 2. Planos Narrativos – Favoráveis à Ação
| Plano de Conjunto - PC
Mostra o personagem em corpo inteiro inserido no cenário da ação. Enfatiza o movimento corporal do personagem inserido no ambiente. Figura inteira (pés à cabeça). Este plano é favorável à figura inteira. |
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| Plano Americano - PA
Corta o personagem pelos joelhos. Realça as ações físicas do personagem e é suficientemente próximo que permite perceber os traços fisionómicos do rosto do personagem. Este plano é favorável à ação. |
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| Plano Médio - PM
Corta o personagem pela cintura. Permite observar a atuação dos braços e das mãos e observar os traços fisionómicos do rosto do personagem. Este plano é favorável à ação. |
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| Plano Aproximado - PAp
Corta o personagem pelos cotovelos. Plano institucional. Permite observar com clareza a expressão do personagem ainda que mantendo uma respeitosa distância. Este plano estabelece um equilíbrio entre a ação e a expressão. |
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Grupo 3. Planos Expressivos - Favoráveis à Expressão e à Fisionomia
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Plano muito Aproximado – PmAp Corta o personagem pelo peito. Permite observar com maior clareza a expressão facial do personagem. Este plano é favorável à expressão. |
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Primeiro Plano – PP Corta o personagem pelos ombros. Coloca-nos numa situação de proximidade e intimidade com o personagem. Evidencia o estado emotivo do personagem. Este plano é favorável à expressão. |
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Grande Plano - GP Só o rosto do personagem. Plano expressivo por excelência. Evidencia com grande eficácia a expressão e a emoção do personagem, sublinhando e enfatizando os seus sentimentos através da expressão facial, dos olhos e da boca. Este plano é favorável à expressão e à fisionomia. |
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Plano Pormenor - PPORM Enquadra um detalhe, um pormenor de um rosto: olhos, lábios, … ou de um objeto. |
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2º Fator: Posição da Câmara
A posição da câmara pode ser: Normal, Picado e Contra-picado.
Designa-se plano normal quando a câmara capta uma personagem na linha horizontal (normalmente a linha dos olhos do operador da câmara). Quando a captação da imagem está acima desta linha virtual, o tipo de plano denomina-se picado; e contra-picado quando está abaixo dessa mesma linha virtual.
Os personagens registados/gravados serão vistos de formas diferentes em função da posição da câmara: se se toma uma imagem de uma posição junto ao solo o personagem parecerá muito alto - designa-se “contra-picado” (psicologicamente aumenta a importância do personagem). Pelo contrário se se toma uma imagem de um ponto mais alto o personagem parecerá muito pequeno - designa-se “picado” (psicologicamente diminui a importância do objecto/personagem).
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Posição da Câmara - Normal A câmara está colocada à altura dos olhos de uma pessoa "normal" (1,40m a 1,70m). Posição pode ser: Frontal, Costas, Perfil Direito e Perfil Esquerdo. |
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Posição da Câmara – Picado A câmara está colocada num ponto mais alto em relação aos personagens – Tomada de cima para baixo. |
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Posição da Câmara - Contra-Picado A câmara está colocada num ponto mais baixo em relação aos personagens – Tomada de baixo para cima. |
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3º Fator: Movimentos da Câmara
Os movimentos da câmara formam dois grandes grupos: Panorâmicas (PAN) e o Travellings (TRAVEL).
Panorâmica
No movimento de panorâmica, a posição da câmara é fixa e esta realiza um movimento de rotação. A panorâmica define-se como a rotação da câmara para todos os lados, acompanhando os movimentos dos personagens ou da ação. Produz-se quando a câmara gira (roda) sobre o seu ponto de apoio, podendo este movimento ser horizontal, vertical ou obliquo e pode ter por finalidade: o acompanhamento da ação, da personagem ou do objecto que se move; a exploração do espaço; mostrar a relação de distância entre diversos elementos; ou mudar de tipo de plano sem interromper a tomada de vistas.
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PAN Esquerda A câmara roda para a esquerda segundo o seu eixo horizontal. |
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PAN Direita A câmara roda para a direita segundo o seu eixo horizontal. |
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PAN para Cima A câmara roda para cima segundo o seu eixo vertical. |
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PAN para Baixo A câmara roda para baixo segundo o seu eixo vertical. |
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Travelling
No movimento de Travelling, a posição da câmara é variável, deslocando-se em qualquer sentido ou trajectória, acompanhando os movimentos dos personagens ou da ação. No Travelling a câmara movimenta-se para a frente, para trás, para cima, para baixo, para a esquerda e para a direita.
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Travelling à Frente A câmara avança para a frente. |
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Travelling Atrás A câmara recua. |
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Travelling à Esquerda A câmara desloca-se para a sua esquerda.
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Travelling à Direita A câmara desloca-se para a sua direita.
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Grua para Cima Deslocação da câmara para cima.
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Grua para Baixo Deslocação da câmara para baixo.
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ZOOM
No movimento de Zoom - Travelling óptico – A posição da câmara é fixa – o efeito de aproximação ou de afastamento da câmara ao assunto processa-se através da variação da distância focal da objetiva. A objectiva de foco variável, ou distância focal variável (ZOOM) permite a realização do travelling óptico, movimento virtual da câmara, realizado por processos eléctricos que controlam o conjunto de dispositivos óticos.
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ZOOM Atrás ZOOM de Afastamento/ZOOM Atrás/ZOOM OUT Efeito de afastamento do assunto. |
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ZOOM Frente ZOOM de Aproximação/ZOOM à Frente/ZOOM IN Efeito de aproximação ao assunto. |
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O Guião de Planificação de Vídeo com Questionário para EaD e para Flipped Classroom
Como vimos a unidade de comunicação da informação de uma narrativa audiovisual é o plano e o instrumento da sua produção e da sua realização é o guião de planificação. É no guião de planificação que se define totalmente a narrativa, isto é, é no guião que a informação de todo o vídeo é construída passo-a-passo, ou seja, plano-a-plano.
Existem vários formatos de guiões de planificação de produção e realização de vídeo que contemplam, todos eles, as informações imprescindíveis para a realização das gravações e da edição do vídeo. O formato que aqui propomos é o de um Guião de Planificação de Vídeo com Questionário para EaD e para Flipped Classroom. Este consiste numa matriz onde se descrevemos todos os elementos, regras e informações necessárias para definir cabalmente cada sequência, cada cena, cada plano, cada ação, cada fala, cada música, cada efeito especial e cada questão do questionário do vídeo. Figura 1.
Os campos deste guião destinam-se às seguintes informações:
- Filme/Vídeo - O título do filme ou do vídeo;
- Sequência - Local onde se descreve o assunto do argumento. Indica-se: Número da sequência; e o título do capítulo do argumento;
- Cena - Local onde se descreve o lugar onde decorre a ação. Referência de Espaço e tempo. Indica-se: Número da cena; Local onde acontece a ação; Exterior ou Interior; Hora do Dia/Noite;
- Complementos - Informação sobre tipo de equipamento e outros adereços necessários para a gravação do vídeo;
- Plano – Número do plano;
- Imagem - Local onde se descreve tudo o que acontece no plano (informação dirigida à visão do espectador): Distância camara assunto; Posições da câmara; Movimentos de câmara; Movimentos de personagens; Expressões dos personagens; Ação dos personagens;
- Texto/Falas - Local onde se descreve todas as falas dos personagens, identificando os seus respetivos autores;
- Música/Efeitos Especiais - Local onde se indica as músicas a utilizar e os efeitos especiais sejam sonoros ou visuais;
- Questionário - Local onde colocamos as questões com as respetivas respostas a inserir após visionamento, indicando qual a resposta certa.
Aplicação – Um exemplo de uma planificação de um vídeo para EaD e para Flipped Classroom
Um exemplo de um guião de planificação de gravação e edição de vídeo com questionário (Figura 2), a partir de um trecho do livro “El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha” (Saavedra, 1970).
Nisto descobriram trinta ou quarenta moinhos de vento que há naquele campo, e logo que Dom Quixote os viu, disse ao seu escudeiro:
- A ventura vai guiando as nossas coisas melhor do que o soubemos desejar; porque, como vês, amigo Sancho, avistam-se ali trinta ou mais desaforados gigantes com quem pretendo travar batalha e tirar-lhes a todos as vidas, com cujos despojos começaremos a enriquecer. Que esta é boa guerra, e é grande serviço de Deus quem tirar tão má semente da face da terra.
- Que gigantes? — Perguntou Sancho Pança.
- Aqueles que ali vês - respondeu o amo - de braços tão compridos, que alguns os têm de quase duas léguas.
- Olhe bem que aquilo não são gigantes, são moinhos de vento e o que neles parecem braços são as velas que, tocadas pelo vento, fazem trabalhar as mós. – Disse Sancho Pança.(Saavedra, 1970)
Conclusões
O principal objetivo do nosso trabalho é propor um modelo de guião de planificação de gravação e edição de vídeo com questionário que consideramos adequado quer para a utilização no ensino a distância quer em metodologias de flipped classroom. Nestes contextos o vídeo apresenta-se como um recurso valioso que deverá conter na sua estrutura questionários embutidos que permitam ao aluno realizar a autoavaliação do seu progresso e também do seu sucesso na aprendizagem proposta. Este guião de planificação de vídeo deve definir com precisão para cada plano: a distância da câmara assunto - escala de planos; a posição da câmara – ângulo de filmagem; os movimentos de câmara; os movimentos de personagens; a ação; o áudio – falas; a musica; e as questões para autoavaliação. Deste modo, o modelo proposto disponibiliza a informação necessária e precisa sobre os diversos itens que permitem a produção e a realização de vídeos orientados para os ambientes de ensino a distância e para as metodologias flipped classroom.
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