Editorial - Pratica eLearning n.º 3
DOI:
https://doi.org/10.34630/pel.vi3.3773Abstract
Num ano assinalado por contextos inimagináveis e cenários disruptivos que enformam os nossos dias de incerteza e imprevisibilidade (mas também de entusiasmo e oportunidades de explorar ambientes educativos inauditos), a mediação tecnológica tornou-se abruptamente obrigatória e omnipresente. Enquanto Professores e Investigadores, mergulhamos - sem alternativa - no que alguns já designaram um Ensino Remoto de Emergência, vivenciando um ambiente virtual de aprendizagem improvisado e redesenhando, da forma possível, um modelo de pedagógico que deixou de funcionar num aqui e agora e passou a existir em qualquer altura e em qualquer lado. Por sua vez, Bolonha, que parecia já uma esquecida e datada declaração, voltou a ser evocação recorrente no discurso do Ensino Superior, pela urgência de promover a autorregulação e a autonomia nos Estudantes da Era Pandémica, assim como pela necessidade de reconceptualizar o significado de horas de contato e de promover a flexibilização de aprendizagens.
Este é um ano em que termos e conceitos que conviviam no socioleto restrito dos Investigadores e entusiastas de diferentes modelos de aprendizagem potenciada por tecnologias passaram a integrar o mapeamento mental dos Professores, as práticas diárias de ensino e aprendizagem e a prolífica documentação oficial de caráter normativo e recomendativo que passou a regular o nosso trabalho. Ensino a distância, aprendizagem online, ferramentas síncronas e assíncronas passaram a ser parte de uma easy take away solution que Norberg (2014) estaria longe de antever assim concretizada.
Sendo certo que não há conhecimento sem terminologia, a urgência de pôr em prática, sem tempo para refletir, leva a não raras utilizações superficiais e, por vezes, até subvertidas, do domínio de especialidade que constitui o Ensino a Distância.
O novo ano académico já se iniciou. Por ora, voltamos à presença, à soberania da sala da nossa aula, mas não do mesmo modo como conhecemos, no passado, esta territorialidade. Emergem novas designações como a de Ensino Presencial Misto. Que ensino é este? Um regime semi-presencial? Um e-learning enriquecido por momentos presenciais? Um ensino de matriz presencial enriquecido por e-learning? Não se trata, agora, de um modelo aspiracional, ou de uma opção ideológica, mas de uma segunda vaga experimental forçada pelo contexto societal imposto.
Neste extraordinário ano de 2020, iremos experimentar três cenários educativos com desafios não despiciendos: Ensino Presencial, Ensino Remoto de Emergência e, agora, o que se poderá designar Blended Learning de Emergência. E é neste quadro de incerteza que publicações académicas como a Pratica e-Learning aumentam a relevância da sua existência, constituindo-se um espaço virtual de partilha de experiências pedagógicas que conciliam tecnologia e aprendizagem.
No seu terceiro ano de vida, a Pratica e-Learning, reflete a crescente dinâmica de investigação orientada para a condução de estudos exploratórios em diferentes níveis de ensino. Este número reúne contributos conceptuais e estudos empíricos focados em partilhar teorias e práticas que melhorem os processos de aprendizagem mediados e potenciados por tecnologias.
O primeiro estudo intitula-se COM ON project: adventure to unleash your potential for (audio)visual communication! São apresentados os resultados descritivos obtidos a partir de um teste piloto, no qual foram avaliadas as expetativas e perceções dos participantes sobre o um curso online, no âmbito da Comunicação Audiovisual.
O segundo e terceiro estudos foram conduzidos no âmbito do Primeiro Ciclo do Ensino Básico, abordando aspetos metodológicos relativos à construção de objetos de aprendizagem e avaliando o impacto do consumo da rádio e dos podcasts na aprendizagem.
O quarto estudo intitula-se Avaliação do impacto de uma aplicação móvel no conhecimento acerca dos Anti-Hipertensores, tendo como objetivo refletir sobre a aquisição e/ou consolidação do conhecimento promovida por uma aplicação móvel, no contexto de uma Licenciatura em Farmácia.
Por último, o quinto estudo Cinema como suporte para aprendizagens distribuídas – Proposta de formação de professores são exploradas as virtualidades de produtos cinematográficos como meio para a aprendizagem de conteúdos transversais, cognitivos e emocionais.
Entramos, sem casting, guião ou realizador, no Brave New World, que Huxley (1946) havia profetizado. Utopia ou distopia? Não sabemos ainda. Sabemos sim que nesta caminhada, por vezes inóspita, pelo espaço real e digital do Admirável Mundo Novo não estamos sós no desejo de compreender, aprender e de partilhar.
Boas Leituras!
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Copyright (c) 2020 Revista Multimédia de Investigação em Inovação Pedagógica e Práticas de e-Learning
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