Ana Maria Liberal - Qualificação do corpo docente de EaD

Este painel contou com a participação de 3 oradores convidados e moderação de Rui Ferreira (Vice-Presidente do P.PORTO):

- Teresa Pessoa - Universidade de Coimbra

- Isabel Pereira - Instituto Politécnico de Coimbra

- Irene Tomé - Universidade Nova de Lisboa

Abordou o tema “Qualificação do corpo docente de EaD”, com especial incidência em três pontos: competências pedagógicas, técnicas, sociais e de gestão, serviço docente e formação para EaD.

Abriu o painel Teresa Pessoa, que apresentou uma comunicação intitulada “Qualificação do corpo docente de EaD. Competências. Formação versus (Trans)formação”.

A comunicação começou por questionar os termos em que o Decreto-Lei n.º 83/2019, mais concretamente o Art. 9.º, define as competências do corpo docente. A partir deste diploma legal, Teresa Pessoa fez uma reflexão acerca de quais devem ser as competências pedagógicas, técnicas e científicas dos docentes de EaD utilizando uma ferramenta de apoio à construção de uma check-list de competências para “coreografias didáticas” em EaD. Teresa Pessoa considera que há que ter em conta uma variável muito importante, os contextos. Isto porque, segundo ela, os modelos pedagógicos não são únicos; variam conforme os contextos. As instituições do ensino superior em Portugal são muito diversas o que faz com que os modelos pedagógicos tenham que ter em conta a especificidade, o contexto da instituição onde vão ser aplicados. Assim sendo, na opinião de Teresa Pessoa, o Decreto-Lei n.º 83/2019 deveria ter dado muito mais atenção aos contextos e às especificidades das várias instituições de ensino superior portuguesas.

Ainda dentro dos contextos, Teresa Pessoa salientou que o desenvolvimento profissional dos professores de EaD deve passar pela (Trans)formação em vez da Formação. Isto porque “Formação tem a ver com forma” e a flexibilidade do ensino atual é incompatível com formatos pré-estabelecidos. Deu como exemplo a qUnidade de EaD da Universidade de Coimbra que aposta na transformação das competências do corpo docente.

Na segunda parte da sua intervenção, Teresa Pessoa referiu o convite que lhe foi endereçado pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação para participar num grupo de trabalho formado por docentes de várias instituições portuguesas de ensino superior que tem por objetivo refletir e investigar sobre a Docência online, uma temática sobre a qual a investigação existente em Portugal é ainda incipiente.

Teresa Pessoa referiu, a seguir, os diferentes projetos e programas de formação que a Universidade de Coimbra está a desenvolver interna e externamente no âmbito do EaD: o curso “Ped@es - Pedalar no Ensino Superior”, na área da inovação didática, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian; o “Sustainable Learner-Centred Teaching – Advanced Resource for Georgia and China”, um curso de metodologias ativas em EaD; e um curso de formação em parceria com as Universidades de Barcelona e Nottingham e a China, financiado pelo Programa Erasmus+ da União Europeia.

A comunicação de Isabel Pereira incidiu sobre a Unidade de EaD do Instituto Politécnico de Leiria, da qual ela é responsável. Começou por traçar o percurso cronológico da Unidade, desde a sua criação, em 2006, até à Publicação do Regulamento de EaD, em novembro de 2018. Centrou-se, a seguir, no Modelo Pedagógico da Unidade e na Estrutura de Apoio e no papel determinante que esta desempenha na criação e transformação dos materiais pedagógicos a serem utilizados nos cursos de EaD. Por último, apresentou a variedade de oferta formativa que a Unidade oferece aos docentes do IPL, destacando o Encontro anual de eProfessores como um fórum de debate de estratégias e pedagogias, o Curso Online de eProfessores, e os “Workshops à medida”.

O painel encerrou com a intervenção de Irene Tomé, da Universidade Nova de Lisboa, que se centrou em três conceitos que para ela são determinantes no EaD: Instituições, Professores e Metodologias.

Relativamente ao vértice das Instituições, excetuando a Universidade Aberta, Irene Tomé considera que um projeto de EaD tem que contar com o apoio institucional e político da Instituição de Ensino Superior em que se insere. É o que acontece na maioria das instituições mais conceituadas da Europa e dos EUA.

No que diz respeito aos Professores, é essencial para Irene Tomé haver tutorias inteligentes alicerçadas em sistemas de bigdata e deep-learning para os ajudar na avaliação formativa do aluno. É necessário, também, existir uma interface entre o saber científico do docente de EaD, o responsável pelo desenho das instruções e a equipa multimédia, de modo a apoiar o docente no desenho e na construção dos cursos e das unidades curriculares.

Quanto às Metodologias, Irene Tomé enfatizou a importância da planificação detalhada das aulas no EaD. Ressaltou, também, a diferença que tem que existir entre o Ensino Presencial e o EaD, nomeadamente ao nível das competências digitais e das formas de comunicação dos professores.

No debate que se seguiu à intervenção das três oradoras, Rui Ferreira privilegiou as questões colocadas online que se debruçaram sobre o apoio ou não dos órgãos dirigentes das Instituições do Ensino Superior ao EaD, complementando as intervenções dos membros do painel.

Perspetiva da relatora sobre a temática: