Investigação técnica e científica em EaD

Este painel contou com a participação de 1 oradorconvidado e moderação de Cândida Silva (EIPP, ESHT):

- Fernando Ramos - Universidade de Aveiro

De uma maneira geral, as Instituições de Ensino Superior fazem investigação sobre EaD nos seus mais diversos aspetos. Em jeito de exemplo refira-se àUniversidade de Aveiro que faz investigação na área desde 2002. Esta cobre aspetos relacionados com o uso da multimédia, formação de docentes, exploração do EaD, novas práticas em EaD, tendo inclusive, um Programa Doutoral em Multimédia em Educação.

Para além desta investigação, a Universidade de Aveiro, a exemplo de outras instituições, também coordena e colabora em projetos de I&D nesta área. A ilustrar esta situação, refira-se o desenvolvimento da plataforma CAMPUS (nasceu como SAPO CAMPUS) e a integração da IoT em ambientes de aprendizagem. Também tem feito formação de docentes e quadros na área não só em Portugal, mas também em países de língua oficial portuguesa como Cabo Verde e Moçambique.

No que concerne os principais temas que a comunidade científica internacional anda a explorar e a investigar, foi referido o artigo An Analysis of the Journey of Open and Distance Education: Major Concepts and Cutoff Points in Research Trends, publicado em fevereiro de 2019 no International Review of Research in Open and Distributed Learning. Estes cobrem os Fundamentos de EaD, o Processo Institucional de EaD e os Efeitos da Aplicação de EaD.

Por outro lado, no EDUCASE Horizon Report (2019), que procura mostrar a evolução das preocupações com o EaD entre 2012 e 2019, podemos ver que os temas mais recentes cobrem as áreas de: Blended Learning Designs, Growing Focus on Measuring Learning, Advances Cultures of Innovation e Redesigning Learning Spaces dando continuidade a preocupações que já vinham de anos anteriores. Como novidade para 2019 temos Rethinking How Institutions Work (esta já havia sido abordada em 2015 e 2016, mas é retomada em 2019) e Modularized and Disaggregated Degrees, como novidade em 2019.

No que concerne Portugal e as áreas a necessitarem de serem mais trabalhadas, temos: Regime Jurídico da Educação a Distância, abrangendo todos os graus de ensino; Acreditação de instituições/cursos; Formação de quadros do ensino superior; Compreensão do valor real do EaD em contextos específicos; Convergência presencial + a distância, formal + informal.

Uma ideia que atravessou todo o discurso é que a sociedade está a mudar, bem como as necessidades das pessoas sendo necessário estudar o impacto da transformação digital em todas as suas vertentes. Na verdade, as mesmas tecnologias e as mesmas pessoas, em contextos diferentes, podem significar resultados diferentes. E cada cenário necessita de ser investigado.

No que concerne a discussão sobre a proposta de regulamentação do EaD há um aspeto que fica claro – a mistura entre dois problemas diferentes: A questão do Regime Jurídico – este assunto é transversal a todos os graus de ensino e por isso não devia ser misturado com os demais problemas; A situação da sustentabilidade da Universidade Aberta – é certamente um problema sério e que merece reflexão, mas que não se devia misturar com o anterior.

A forma como o b-Learning se encaixa, então, no documento é através da discussão da Garantia da Qualidade do EAD de uma forma geral. Na verdade, todos os cursos devem garantir que todos os objetivos de aprendizagem são atingidos e que isso é feito em boas condições. A imposição, por Decreto, do contexto não faz, pois, sentido. Este contexto deveria ser adequado aos diferentes públicos. Deveria, inclusive, ser possível que cada aluno pudesse contruir o seu currículo e escolher o formato que melhor se adequa (dimensão da flexibilização do ensino). É claro que isto levanta a questão da sustentabilidade interna das instituições. A questão dos majors e dos minors poderia ser uma solução, até porque a inter/transdisciplinaridade é algo valorizado pelos Recursos Humanos das empresas. Teremos, certamente, um caminho longo a percorrer sabendo que, apesar do muito que já foi feito, falta, ainda outro tanto para fazer.

Perspetiva da relatora sobre a temática: