Abstract
Enquadramento: A doença hemolítica do feto e do recém-nascido (DHFRN) é provocada pela aloimunização materna contra antigénios dos eritrócitos fetais (RBC), quando uma mulher grávida que é negativa para o antigénio em questão é exposta a células sanguíneas fetais positivas para esse antigénio [1,2]. Os casos mais graves de DHFRN são provocados por anticorpos anti-D, anti-c, anti-Kell e anti-E [3–6]. A administração da profilaxia de imunoglobulina RhD para a aloimunização materna de RhD, diminuiu a incidência dessa condição e consequentemente, os anticorpos Rh não-D, atualmente, encontram-se associados a um maior número de gravidezes aloimunizadas [3,7,8]. Objetivos: Recolher e sistematizar a informação relativa a aloimunização materna por anticorpos Rh não-D e evidenciar a relevância destes na DHFRN, com o intuito de melhorar o acompanhamento das grávidas, alertando para a aloimunização pelos antigénios não-D do sistema Rh, para reduzir futuras complicações da DHFRN. Métodos: Realizou-se uma revisão sistemática seguindo a guideline PRISMA, nas bases de dados PubMed e Web of Science [9]. Para a seleção dos artigos a incluir no estudo foram estabelecidos como critérios de inclusão artigos científicos sobre o sistema Rh e incluindo fetos e recém-nascidos, independentemente do ano de publicação, em língua portuguesa e inglesa. Os critérios de exclusão definidos foram abordar o grupo sanguíneo ABO, doença hemolítica provocada pelo RhD e artigos de revisão. Na pesquisa, recorreu-se aos termos MESH: Doença hemolítica; Eritroblastose fetal; Recém-nascido; Feto; Sistema do grupo sanguíneo Rh-Hr; Isoimunização Rh. Resultados: Observou-se que o antigénio c do sistema Rh é capaz de provocar DHFRN grave, sendo clinicamente o antigénio Rh mais importante após o antigénio D. Conclusões: Este estudo permitiu destacar a relevância da pesquisa de anticorpos irregulares nas grávidas, tanto no primeiro trimestre como no último, uma vez que podem ocorrer aloimunizações tardias, podendo levar a DHFRN severa. Essa pesquisa, deve ser realizada tanto em mulheres RhD negativas como em RhD positivas, porque ambas são igualmente propensas de produzir aloanticorpos.
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