A intervenção da audiologia na oncologia pediátrica
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Palavras-chave

Avaliação Auditiva
Oncologia Pediátrica
Ototoxicidade

Como Citar

Vaz , R., Andrade, A., Falcão, A., Piedade, S., Leal, C., & Moura, A. (2025). A intervenção da audiologia na oncologia pediátrica. Proceedings of Research and Practice in Allied and Environmental Health, 2(4), 3. https://doi.org/10.26537/prpaeh.v2i4.6435

Resumo

Enquadramento: A audição humana é uma função complexa e faz parte de um sistema muito especializado de comunicação [1]. As alterações auditivas colocam em risco a aquisição de fala e da linguagem, afetando o desenvolvimento da aprendizagem, cognitivo, psíquico e emocional das crianças [2,3]. Os tratamentos antineoplásicos utilizam fármacos como cisplatina, carboplatina e aminoglicosídeos [4], com potencial ototóxicos (lesões nas estruturas do ouvido interno) [5-7], que origina perda auditiva neurossensorial, irreversível, descendente e bilateral, com agravamento progressivo do espectro frequencial [8,9]. Objetivo: Contextualizar os achados audiológicos durante o plano de tratamento oncológico em crianças. Métodos: Entre janeiro de 2020 e junho de 2024 foram avaliadas 107 crianças na consulta externa de Otorrinolaringologia, por exames auditivos comportamentais (Audiometria Tonal Simples e Timpanograma), e exames electrofisiológicos, Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral (PEATC). Resultados: Quarenta das 72 crianças avaliadas com exames comportamentais realizaram várias avaliações auditivas. O cancro mais frequente foi originário do Sistema Nervoso Central (SNC) (41%), sendo mais prevalente no sexo masculino, seguido do cancro proveniente do Sistema Músculo Esquelético (31%), mais prevalente no sexo feminino. Encontraram-se alterações audiológicas em 11 crianças após tratamento oncológico, 4 com hipoacusia de transmissão bilateral, e 7 com hipoacusia neurossensorial com queda nas frequências agudas, bilateralmente. Trinta e cinco crianças realizaram PEATC, 21 do sexo feminino e 14 do sexo masculino. O tipo de cancro mais frequente tem origem no SNC, os resultados dos exames encontraram-se dentro dos parâmetros de normalidade. Conclusões: Devido à terapêutica potencialmente ototóxica, é fundamental uma avaliação auditiva regular. A equipa multidisciplinar de saúde deverá estar alerta da ototoxicidade destes fármacos e planear o esquema terapêutico de acordo com os resultados da avaliação audiológica [10].

https://doi.org/10.26537/prpaeh.v2i4.6435
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Referências

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