Infraestrutura escolar: a precarização da educação pública travestida sobre a Educação Física em escolas brasileiras

Resumo

No Brasil, os dados do Censo Escolar 2018 demonstram que a infraestrutura das escolas públicas municipais de ensino fundamental possui indicadores que estão abaixo da média, quando comparados ao âmbito federal e estadual, como é caso de apenas 30% das escolas no âmbito administrativo público municipal possuírem quadras de esportes^[1]. Assim, o objetivo foi estudar a influência que as infraestruturas escolares desportivas têm na qualidade do processo de ensino. Tais resultados foram confrontados através de uma triangulação metodológica com os dados do Censo Escolar 2018 e com a Pesquisa Mundial III da Educação Física Escolar 2013. A investigação caracteriza-se como de métodos mistos, do tipo estudo de casos múltiplos. Como instrumento de recolha de dados foram utilizadas entrevistas semiestruturadas. Os resultados demonstram que a Educação Física Escolar é gravemente afetada pelas condições oferecidas pelo sistema público de ensino municipal. As escolas não possuem instalações básicas, como quadras polidesportivas, tampouco, instalações e equipamentos essenciais ao desenvolvimento do processo didático-pedagógico. Não existem vestiários, banheiros com chuveiros, bebedouros próximos aos locais das aulas para a hidratação e sistematicamente as aulas realizadas em praças públicas são compartilhadas com as comunidades dos bairros.

São construções arquitetônicas polissêmicas que compõe a infraestrutura escolar de espaços físicos inerentes ao componente curricular Educação Física. Trata-se de um espaço escolar propício aos processos didáticos metodológicos (ensino e aprendizagem) e ao desenvolvimento dos elementos da cultura corporal (jogos, esportes, ginástica, dança e luta).