Qual a influência da virtualidade na satisfação dos membros com a equipa? O papel mediador da perceção de subgrupos e o efeito moderador da confiança afetiva
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.vi11.5266Palavras-chave:
Virtualidade, Confiança, Perceção de subgrupos, SatisfaçãoResumo
Objetivos/Enquadramento teórico
O presente estudo pretende analisar a influência da virtualidade na satisfação dos membros com a equipa, quer direta, quer indireta, por via do seu impacto na perceção de subgrupos. Paralelamente, procura-se contribuir para clarificar a natureza destas relações através da análise do papel moderador da confiança afetiva.
A virtualidade está cada vez mais presente nas organizações, criando oportunidades e desafios para os membros das equipas que utilizam as tecnologias para comunicar. Os estudos relativos à eficácia de equipas com algum nível de virtualidade têm, na sua maioria, focado, essencialmente, os resultados de tarefa, esquecendo as atitudes que os indivíduos têm face ao seu trabalho. Assim, neste estudo procuramos analisar a influência da virtualidade das equipas na satisfação dos membros com a equipa, a qual depende, entre muitos outros fatores, de relações interpessoais fortes, motivação dos indivíduos, comunicação construtiva e compreensão mútua. Devido à complexidade das relações e ao aumento da diversidade em equipas com algum nível de virtualidade considera-se importante analisar o papel mediador da perceção de subgrupos na relação entre a virtualidade e a satisfação dos membros com a equipa. Adicionalmente, procura-se explorar de que forma a confiança afetiva, ao criar um contexto em que as pessoas se sentem emocionalmente ligadas, altera a natureza das relações entre a virtualidade, a perceção de subgrupos e a satisfação.
Método
Para testar as hipóteses de investigação, foi conduzido um estudo por inquérito, junto de membros de equipas de trabalho de organizações portuguesas. As empresas foram, inicialmente, contactadas pessoalmente ou por via eletrónica, com o fim de expor o propósito e os requisitos da participação no estudo em causa. Às empresas que participaram no estudo foi facultado um relatório de devolução de resultados.
A amostra final é composta por 825 membros de 179 equipas de trabalho, de 108 organizações, a maioria do setor dos serviços. Os respondentes têm em média 35 anos (M = 34.90, DP = 11.02), trabalham na organização há 8 anos (M = 8.20, DP = 9.40), a maioria é do sexo feminino (58.3%) e tem estudos superiores ao nível da licenciatura ou superior (65.6%). Todas as variáveis em estudo foram avaliadas com medidas previamente validadas.
Resultados
As hipóteses foram testadas através de PLS-SEM (Partial Least Squares - Structural Equation Modeling) com recurso ao software SmartPLS 4.0. A análise do modelo de medida apresentou resultados adequados, tendo em conta a consistência interna, a fiabilidade composta e a variância média extraída das medidas.
A significância do modelo estrutural foi testada através da técnica do bootstrapping com base em 5000 iterações. Os resultados revelaram que a relação direta entre a virtualidade e a satisfação não apresentou significância estatística (β = 0.042, ns). No que diz respeito à relação entre a virtualidade e a perceção de subgrupos, os resultados revelaram uma influência positiva e significativa (β = 0.154, p < 0.01). Embora a virtualidade não tenha apresentado uma relação direta na satisfação dos membros com a equipa, o efeito indireto por via da perceção de subgrupos revelou-se significativo (β = -0.015; p < 0.01). Por fim, o efeito moderador da confiança afetiva revelou-se significativo na relação entre a perceção de subgrupos e a satisfação (β = 0.096, p < 0.01). Com efeito, a confiança, tal como previsto, atenua o efeito negativo da perceção de subgrupos na satisfação dos membros com a equipa.
Discussão e conclusões
Os resultados destacam a influência negativa da virtualidade na satisfação dos membros com a equipa por via do seu contributo para uma maior perceção de existência de subgrupos. Este efeito negativo pode, contudo, ser mitigado por via do desenvolvimento de relações de confiança fortes. Desta forma, em termos de implicações para a prática, estes resultados sugerem que o desenvolvimento de relações de confiança entre os membros de equipas é particularmente relevante em equipas virtuais. Como principais limitações do estudo prende-se o facto de se basear em apenas uma fonte de informação, os colaboradores, e numa recolha de dados realizada no mesmo momento, fatores que podem dar origem à ameaça da variância do método comum. Futuros estudos, deverão, deste modo, recolher informação de fontes diversas e em diferentes momentos.
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