Obstáculos e Facilitadores à Conciliação da Vida Profissional e Familiar na Economia Social

Autores

  • Sofia Antunes ISCAP, Instituto Politécnico do Porto
  • Deolinda Meira CEOS.PP/ Instituto Politécnico do Porto/ ISCAP
  • Conceição Castro CEOS.PP/ Instituto Politécnico do Porto/ ISCAP

DOI:

https://doi.org/10.26537/iirh.vi11.5242

Palavras-chave:

Conciliação da Vida Profissional e Familiar, Facilitadores, Obstáculos, Organizações da Economia Social, Trabalho Digno

Resumo

O direito à conciliação da vida profissional e familiar assume uma grande importância para os/as trabalhadores/as e para as organizações do setor da economia social. Este direito integra o conceito de trabalho digno, que tem vindo a ser tratado no cenário internacional, nomeadamente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela União Europeia. O facto de as organizações da economia social assentarem na priorização das pessoas e dos objetivos sociais sobre o capital e o lucro económico torna-as especialmente aptas para a promoção do direito à conciliação da vida profissional e familiar.

Neste contexto, estas organizações da economia social encontram-se num plano ideal para a promoção de facilitadores à conciliação da vida profissional e familiar. O conhecimento deste fenómeno é importante na gestão de recursos humanos, pois permite o desenvolvimento de organizações amigas da família, da produtividade, da atração e retenção de talento, e de trabalhadores/as motivados/as.

Com este estudo pretendeu-se identificar os maiores obstáculos e facilitadores à conciliação da vida profissional e familiar no setor da economia social. Para tal, foi elaborada uma listagem de obstáculos e facilitadores com base na literatura (Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego (CITE), 2015; Costa, 2012; Guerreiro, Lourenço & Pereira, 2006; Sirgy & Lee, 2017) e adotou-se uma metodologia quantitativa, através da aplicação de um inquérito por questionário na plataforma LimeSurvey, para recolha dos dados. Numa primeira fase procurou-se identificar os maiores obstáculos e facilitadores à conciliação e, numa segunda fase, recorrendo à escala de Likert de 5 pontos (1 - Dificulta muito a 5 - Facilita muito), avaliar os níveis de facilitação e dificultação dos obstáculos e facilitadores existentes nas organizações da economia social. Os dados foram recolhidos de 27 de abril a 12 de junho de 2022 e foram obtidas 414 respostas válidas de trabalhadores/as das organizações da economia social. Como técnicas de tratamento de dados recorreu-se a estatísticas descritivas, como tabulações cruzadas com frequências, medidas de localização e dispersão e representações gráficas.

Os/as participantes são, na sua maioria, do género feminino, com idade compreendida entre a faixa etária dos 40 aos 49 anos, com estado civil de casado/a e um elevado nível de escolaridade (licenciatura/ bacharelato, mestrado e doutoramento).

A análise dos resultados evidenciou que os/as trabalhadores/as deste setor valorizam a oferta de serviços e/ou protocolos de saúde e bem-estar físico e mental para a promoção da qualidade da conciliação da vida profissional e familiar, uma vez que a sua inexistência é considerada um grande obstáculo. A inflexibilidade na seleção da modalidade de horário de trabalho, na seleção de férias e folgas, e no acesso ao teletrabalho destacam-se também como grandes obstáculos à conciliação e com níveis altos de dificultação. Se bem que a flexibilidade, nas opções supramencionadas, apresenta altos níveis de facilitação. O nível de dificultação é efetivamente elevado na dificuldade no acesso à ausência ao trabalho/ mudança de horário para a assistência à família.

A facilidade na comunicação entre a equipa/ superiores no trabalho sobre questões relacionadas com compromissos/ obrigações familiares é um dos maiores facilitadores, auferindo um nível alto de facilitação na escala, que promove a conciliação da vida profissional e familiar no setor. Esta facilitação na comunicação entre a equipa/ superiores fomenta um bom clima organizacional e a comunicação interna.

Os resultados segurem que as organizações da economia social, por mérito dos princípios e valores que as orientam, promovem facilitadores à conciliação e ambientes saudáveis de trabalho. Indo ao encontro da OIT (2022), a identidade destas organizações contribui para o desenvolvimento e promoção do trabalho digno que, entre muitos, engloba a conciliação trabalho e vida pessoal/ familiar.

This work is financed by Portuguese national funds through FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, under the project UIDB/05422/2020).

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Publicado

2023-07-10

Como Citar

Antunes , S., Meira , D., & Castro , C. (2023). Obstáculos e Facilitadores à Conciliação da Vida Profissional e Familiar na Economia Social. Conferência - Investigação E Intervenção Em Recursos Humanos, (11). https://doi.org/10.26537/iirh.vi11.5242

Edição

Secção

People Management, Well-being, and Worker Experience