A problemática da sucessão em empresas familiares: estudos aplicados em PME do Centro e Norte de Portugal
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i5.2213Palavras-chave:
Empresas Familiares;, Família;, Sucessão;Resumo
O objetivo deste estudo qualitativo é analisar a forma como as empresas familiares (EF) gerem a sua sucessão, nomeadamente nas regiões centro e norte de Portugal, tipologia de empresas muitas vezes referenciada na bibliografia científica. As EF referem-se não só a pequenos cafés, mercearias, entre outros negócios, mas também a negócios que constituem os verdadeiros apoios da economia nacional pela riqueza gerada e empregos criados. De acordo com dados de 2011 da Associação Portuguesa de Empresas Familiares (APEF) estima-se que mais de 80% do tecido empresarial nacional seja composto por empresas detidas e geridas por famílias, sendo a sua contribuição para o PIB cerca de 60%. de acordo com um estudo da Partner to Partner – Consultores de Gestão, divulgado em 2010. A pertinência do tema foi referenciada, por exemplo, por Gersick et al. (1997) que considerou as EF decisivas para a saúde da economia. Mais recentemente, Fernandes (2010) destacou mesmo excelentes exemplos nacionais e internacionais de EF relevantes para a economia: Ford, Benetton, Zara, Jerónimo Martins, Grupo Espírito Santo, Luís Simões, Sonae, entre muitas outras.
Através da análise do estado da arte sobre alguma produção teórica nos últimos anos em torno da problemática da sucessão em EF, foi possível constatar que o processo de sucessão em EF é complexo (Ussman, 2004), longo, demorado (Adachi, 2006) dependente de cenários internos e externos e influenciado por características específicas de cada empresa (Bornkoldt, 2005). Com base na investigação aplicada a dois casos de estudo, designados por questões de confidencialidade por Empresa A, S.A., empresa importadora e exportadora, situada no Porto, e Empresa B, S.A., cuja atividade consiste no fabrico e comercialização, situada em Águeda, pretendemos elucidar acerca do processo de sucessão em cada um dos casos, como se transmitem valores de geração em geração e como esperam gerir a sucessão no futuro, baseando-nos no recurso a entrevistas com três gerações, documentação interna e observação direta. O trabalho de campo foi iniciado após a assinatura, em 2011, de um Protocolo de Estudo de Caso com cada uma das empresas, documento onde foram descritos os objetivos, as questões de investigação, fontes de informação e garantida a confidencialidade dos dados.
O estudo conclui, do ponto de vista dos antecessores, que em ambos os casos são preservados e considerados os valores da família, mas não é feito o planeamento da sucessão e não existe um documento escrito para o efeito. Na perspetiva dos sucessores atuais, responsáveis máximos, não é claro que os sucessores sigam as orientações dos antecessores porque nem sempre é possível seguir as mesmas estratégias dada a diferença do contexto empresarial atual assim como das empresas, surgindo por vezes hipóteses de fusão ou associação que podem reforçar a posição competitiva. Já o facto de os filhos sucederem sempre aos pais é um dado adquirido. Por seu lado, os futuros sucessores desejam dar seguimento ao projeto familiar, mas não reconhecem a existência do Protocolo Familiar, Conselho de Família e Conselho de Administração.
No entanto, este estudo apresenta algumas limitações: a pouca recetividade das empresas para facilitar a análise dos conflitos e a confidencialidade de muitas informações impediu mais avanços na investigação. Para futuros estudos, sugere-se constituir uma amostra de EF, possuidoras de mais histórico, estatisticamente extensível à população de EF em Portugal.
Para visualização deste resumo em língua inglesa, selecione o ícone correspondente ao idioma no menu lateral direito.