Responsabilidade social das organizações, gestão de recursos humanos e bem-estar

Resumo

O presente simpósio pretende constituir um espaço privilegiado de debate em torno dos temas da responsabilidade social, da gestão de recursos humanos e do bem-estar no trabalho. Trata-se de três temas que ocupam presentemente um importante espaço na vida das organizações, pelo que importa apurar interinfluências e impactos, nomeadamente nas atitudes e comportamento dos atores organizacionais. Com este objetivo, reúnem-se neste simpósio oito trabalhos de investigação agrupados em duas sessões.

Na primeira sessão o debate incide sobre a relação entre cultura organizacional e o bem-estar no trabalho. A primeira pesquisa analisa a relação entre a perceção de diferentes valores organizacionais e o bem-estar de trabalhadores de um serviço de administração pública, revelando que quem perceciona um perfil de cultura mais equilibrado apresenta níveis mais elevados de bem-estar. A segunda pesquisa tem também como objeto de estudo a relação entre cultura organizacional e bem-estar, mas o enfoque é agora na compreensão do ajustamento do indivíduo à função como potencial mecanismo mediador. Os resultados mostram que o ajustamento à função intervém na relação entre alguns modelos de cultura e o bem-estar, mas não de todos, o que reforça a necessidade de continuar a investir na análise dos processos psicossociais intervenientes nesta relação. A terceira pesquisa explora a relação entre cultura organizacional e bem-estar afetivo no trabalho e o papel do ajustamento indivíduo-organização nessa relação numa amostra de polícias, evidenciando que o ajustamento à organização apresenta um contributo positivo para o bem-estar dos indivíduos, concretamente nas dimensões positivas do bem-estar. A quarta pesquisa desloca o debate para o tema da responsabilidade social, explorando a existência de uma comunicação interna socialmente responsável e o seu impacto ao nível da implicação afetiva de colaboradores.

A segunda sessão dá continuidade ao debate sobre a relação entre responsabilidade social, gestão de recursos humanos e bem-estar. A primeira pesquisa da sessão analisa a relação entre a perceção de responsabilidade social e a perceção de risco de acidentes de trabalhadores, no contexto dos profissionais das áreas dos transportes e instrução de condução, reforçando a importância de se considerar a perceção que os trabalhadores possuem da estratégia empresarial de responsabilidade social no estudo dos acidentes de trabalho em geral e do posicionamento individual face ao risco de acidente de trabalho em particular. O segundo trabalho explora o papel de três variáveis psicossociais (identificação, justiça e imagem organizacional) na relação entre responsabilidade social e dois importantes indicadores de bem-estar, a saber: satisfação no trabalho e implicação afetiva. A terceira pesquisa dá, em certa medida, sequência à anterior, ao testar empiricamente como as perceções de responsabilidade social explicam os comportamentos de cidadania organizacional, tanto diretamente quanto através da mediação do empenhamento afetivo, da satisfação com o trabalho e do bem-estar psicológico. Os resultados revelam que quer a implicação afetiva quer a satisfação no trabalho medeiam a relação entre as perceções de responsabilidade social e a adesão a comportamentos de cidadania organizacional. A última pesquisa aborda o impacto da responsabilidade social junto de um público diferente: futuros colaboradores. Os resultados revelam que a perceção do nível de envolvimento em práticas de RSO contribui para ativar o processo que leva os candidatos a avaliarem uma organização como um bom local para trabalhar, sugerindo que, para atrair potenciais candidatos, os recrutadores devem considerar informação relativa ao desempenho social da organização a par de informação sobre outras características da organização e da função.

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