Perceção de riscos na construção de uma barragem
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i5.2192Palavras-chave:
Risco;, Perceção do risco;, Atitudes face ao risco;, Comportamentos seguros;Resumo
As abordagens convencionais de avaliação de riscos em situação de trabalho debatem-se principalmente com aspetos ligados à envolvente, processos e procedimentos e esquecem, frequentemente, o fator humano. Todavia, o comportamento humano e as perceções que o originam são determinantes na segurança dos indivíduos e das organizações.
É com base nestas perceções que os indivíduos tomam decisões sobre os vários comportamentos que adotam no dia-a-dia. Os estudos sobre a perceção e atitudes face ao risco têm um papel proeminente no âmbito da segurança porque ajudam a esclarecer o que é que influência as decisões em termos de comportamentos seguros e inseguros.
É neste âmbito que se situa este trabalho, o qual tem como objetivo geral identificar perceções do risco e seus determinantes em trabalhadores da Indústria da Construção Civil.
O contexto de trabalho escolhido foi a construção de uma barragem, a qual configura a maior obra de Engenharia em curso no nosso país, na presente data.
A amostra deste estudo é constituída por 393 indivíduos que atualmente trabalham no referido empreendimento.
O estudo é de natureza quantitativa e o instrumento de análise foi o Questionário Perceção e Atitudes face ao Risco (Pereira, 2010). As categorias de análise do questionário são quatro, subdivididas, no seu conjunto em quinze subescalas: 1ª- Características do risco (Grau de exposição a riscos específicos e Preocupação com riscos específicos), 2ª -Características pessoais (Negação, Irrelevância de evitar o risco, Retrospetiva, Ilusão de controlo, Recompensas, Influência social, Sobreconfiança, Atracção pelo risco, Locus de controlo interno e externo, Impulsividade e Ansiedade) e 3ª - Características socio-organizacionais (Situações de trabalho e Influência social) e, por último, Variáveis Sociodemográficas. Os coeficientes α de Cronbach, do conjunto das subescalas variaram entre 0.65 e 0.95. As subescalas são tipo Likert, com 6 alternativas de resposta que variam entre 1 (“Discordo Totalmente”) e 7 (“Concordo Totalmente”).
Os dados obtidos evidenciam que: As subescalas mais pontuadas das Características do risco foram Avaliação de situações de trabalho (=5,2) e Preocupação com riscos específicos (=4,6). Relativamente às Características pessoais as subescalas mais pontuadas foram: Retrospetiva (=5,1), Locus de controlo interno (=4,7) e Ilusão de Controlo (=4,6). Quanto às Características socio-organizacionais as subescalas Situações de trabalho e Influência social obtiveram, respetivamente as seguintes médias =5,2 e =3,7.
Observámos ainda que as variáveis das Características pessoais que influenciam, significativamente, as perceções do risco no contexto de trabalho são, por ordem decrescente: Ilusão de controlo, Negação, Sobreconfiança, Locus de controlo interno e Influência social.
Relativamente às Variáveis Sociodemográficas que mais influenciam as perceções do risco, neste contexto de trabalho, são: A Empresa a que pertence, a Nacionalidade, a Gravidade de acidentes vividos, o Departamento de pertença, a Antiguidade, as Habilitações, o Agregado familiar, o Sexo e a Idade.