Representações e acesso à formação profissional: uma análise qualitativa a partir da perspectiva dos trabalhadores
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i5.2165Palavras-chave:
Gestão de recursos humanos;, Formação profissional;, Trabalhadores;Resumo
Em Portugal, como na generalidade dos países de capitalismo avançado, a formação profissional tem vindo a adquirir uma grande centralidade quer nos debates políticos com vista à definição de políticas públicas, quer enquanto prática de gestão de recursos humanos nos diferentes contextos organizacionais, quer enquanto objeto de investigação científica. Se tomarmos por referência os trabalhos de investigação que têm vindo a ser realizados em torno desta problemática constatamos, contudo, que têm vindo a ser privilegiadas as análises que procuram dar conta das políticas e das práticas de formação profissional a partir da perspectiva dos gestores/profissionais que, ao nível organizacional, têm a responsabilidade pela sua definição e implementação (Rodrigues e Lopes, 1993; Cruz, 1998; Lopes, 1998; Caetano, 2000; Estêvão, 2006; Almeida et al., 2008; Bernardes, 2013) em detrimento da análise a partir da perspectiva dos trabalhadores (Figueira et al., 2006).
Face a este défice de informação sobre o modo como é pensada a formação profissional a partir da perspectiva dos trabalhadores, procuramos com esta comunicação conta dos resultados preliminares de um trabalho de investigação empírica cujo objetivo principal se centra na análise crítica das representações que os trabalhadores têm da formação profissional no que respeita à motivação, necessidade e condições de acesso a partir dos contextos organizacionais em que estão inseridos. Para a prossecução deste objetivo procedemos à realização de 20 entrevistas semi-diretivas a uma amostra por conveniência de trabalhadores empregados da região de Setúbal pertencentes a diferentes áreas profissionais e sectoriais.
Os resultados obtidos a partir da análise de conteúdo das entrevistas permitem-nos evidenciar a forte motivação para a formação por parte da generalidade dos trabalhadores ao verem nela não só um instrumento de desenvolvimento profissional mas também um instrumento essencial para potenciar o seu desempenho profissional. Em contrapartida, regista-se uma reduzida consciência relativamente à eventual existência de mecanismos de discriminação no acesso à formação.