BARREIRAS LINGUÍSTICAS NOS TRIBUNAIS PORTUGUESES. PISTAS PARA UM DIAGNÓSTICO

Auteurs

  • Patrícia Jerónimo Escola de Direito da Universidade do Minho

DOI :

https://doi.org/10.34630/polissema.vi.5643

Mots-clés :

Barreiras linguísticas, prática judicial, intérprete, tradutor

Résumé

É hoje comummente aceite que um processo equitativo requer que quem não fale nem compreenda a língua do processo seja assistido por intérprete e tenha acesso a tradução das principais peças processuais para língua que compreenda. O direito a assistência por intérprete em processo penal tem já longa tradição no Direito internacional dos direitos humanos e conheceu um desenvolvimento significativo no quadro do Direito da União Europeia com a Diretiva 2010/64/UE de 20.10.2010. O legislador português reconhece explicitamente o direito nos Código de Processo Penal e Civil e nas leis de asilo e de imigração. Todavia, à semelhança do que se verifica noutros países, a garantia de assistência linguística nos tribunais portugueses deixa muito a desejar, com obstáculos de vária ordem, desde a falta de intérpretes qualificados até à insensibilidade dos atores judiciais para as especificidades do trabalho com intérpretes e para o impacto das barreiras linguísticas no acesso à justiça por quem não fala nem compreende a língua portuguesa. Este texto faz um ponto de situação do estado da questão, a partir da análise do quadro normativo de Direito internacional e nacional aplicável, de decisões judiciais em que os tribunais portugueses se pronunciaram sobre a (ir)relevância da ausência ou insuficiente assistência por intérprete e dos resultados de entrevistas coletivas e individuais realizadas com stakeholders sobre eventuais dificuldades associadas ao trabalho em contextos multilinguísticos e o grau de satisfação com as respostas dadas pelos tribunais portugueses.

Références

Angelelli, C. (2015). Justice for all? Issues faced by linguistic minorities and border patrol agents during interpreted arraignment interviews. MonTI, 7, 181-205.

Bacik, I. (2007). Breaking the language barrier: Access to justice in the new Ireland. Judicial Studies Institute Journal, 2, 109-123.

Barak, M. P. (2021). Can you hear me now? Attorney perceptions of interpretation, technology, and power in Immigration Court. Journal on Migration and Human Security, 9(4), 207-223.

Castles, S., de Haas, H. & Miller, M. J. (2014). The Age of Migration: International Population Movements in the Modern World, 5.ª ed. Palgrave Macmillan.

Davis, L. W. & Isaacson, S. A. (2017). Ensuring equal access to justice for limited English proficiency individuals. Judges’ Journal, 56(3), 21-26.

Del Pozo Triviño, M. & Blasco Mayor, M. J. (2015). Legal interpreting in Spain at a turning point. MonTI, 7, 47-71.

Easley, D. (2019). Can you hear me now: Due process and language barriers to justice. Journal of Global Justice and Public Policy, 5, 137-162.

Hertog, E., & van Gucht, J. (Eds.) (2008). Status Quaestionis: Questionnaire on the Provision of Legal Interpreting and Translation in the EU. Intersentia.

Jerónimo, P. (2014). A Diretiva 2010/64/UE e a garantia de uma assistência linguística de qualidade em processo penal: implicações para a ordem jurídica portuguesa. In M. Monte et al. (eds.), Estudos em Comemoração dos 20 Anos da Escola de Direito da Universidade do Minho (pp. 527-564). Coimbra Editora.

Jerónimo, P. (2017). Intolerância, integração e acomodação jurídica das minorias islâmicas na Europa: Os desafios postos à prática judicial. In P.P. Adragão, A.C. Leão & T.A. Ramalho (eds.), Atas do II Colóquio Luso-Italiano sobre Liberdade Religiosa (pp. 59-100). Faculdade de Direito da Universidade do Porto.

Jerónimo, P. (2022). A jurisprudência multicultural do Tribunal Constitucional português: Mapeamento e análise crítica. JusGov Research Paper Series, 15, 1-66.

McEvoy, G. (2023). Language proficiency and the right to an interpreter when accessing a fair trial. Translation & Interpreting, 15(2), 142-156.

Molina, L. M. (2008). Language access to Louisiana courts: A failure to provide fundamental access to justice. Loyola Journal of Public Interest Law, 10(1), 1-26.

Mourinha, M., & Pinto, M. P. (2023). Uma antologia de histórias de tradutores… Porquê e para quê? In M. Mourinho & M. P. Pinto (eds.), O Irresistível Charme da Tradução… Uma Antologia de Histórias de Tradutores (pp. 9-17). Documenta.

Phelan, M. (2011). Legal interpreters in the news in Ireland. Translation & Interpreting, 3(1), 76-105.

Sagel-Grande, I. (2012). Alemães, ingleses, franceses e holandeses em prisões portuguesas e holandesas. Scientia Iuridica, LXI(330), 543-577.

Shepard, R. T. (2007). Access to justice for people who do not speak English. Indiana Law Review, 40(4), 643-658.

Téléchargements

Publiée

2024-05-21

Comment citer

Jerónimo, P. (2024). BARREIRAS LINGUÍSTICAS NOS TRIBUNAIS PORTUGUESES. PISTAS PARA UM DIAGNÓSTICO. POLISSEMA, 418–468. https://doi.org/10.34630/polissema.vi.5643