METÁFORA E METONÍMIA NA REVOLUÇÃO DE ABRIL: UM ESTUDO COM DISCURSOS POLÍTICOS
DOI:
https://doi.org/10.34630/polissema.v1i23.5324Palavras-chave:
metáfora, metonímia, discursos políticos, 25 de abril de 1974, Presidente da República, historicidadeResumo
A cerimónia formal de celebração do 25 de Abril de 1974, cuja primeira ocorrência data de 1977, é marcada pelo discurso do Presidente da República Portuguesa. Nestas intervenções à nação, identificam-se metáforas e metonímias, umas vezes usadas intencionalmente para comunicar de forma mais competente, outras inconscientemente, devido à sua penetração na sociedade. As metáforas e as metonímias, quando decorrentes de uma escolha do falante, permitem não só a confirmação de uma tese, em virtude de induzirem a uma avaliação, bem como a legitimação de ações futuras. Portanto, é lícito afirmar que transcendem o papel ornamental que é atribuído por alguns estudiosos, assumindo uma função argumentativa. O presente artigo pretende expor as metáforas e as metonímias presentes em dois discursos (1977 e 2022), corroborando o pressuposto de Coseriu de que existe uma revisitação de objetos culturais já existentes, e discutir o grau de metaforicidade das expressões usadas e a sua intencionalidade comunicativa. Para tal, procede-se à análise dos textos do corpus para identificar as principais metáforas e metonímias definidas por autores de relevo a partir dos lexemas que compõem os diversos campos conceptuais. Os dados apontam para a presença de metáforas da GRANDE CADEIA DO SER, da ÁRVORE, da GUERRA em ambos os discursos, bem como de metonímias de INSTITUIÇÃO POR PESSOAS ou DATA PELO EVENTO. Ademais, verifica-se que algumas expressões metafóricas constituem escolhas objetivas do locutor, mas outras parecem decorrer da sua impregnação na sociedade.
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