Abstract
Introdução: A biotecnologia permitiu o desenvolvimento dos medicamentos biológicos, como os anticorpos monoclonais (mAbs), com enorme potencial para tratar diversas doenças graves, incluindo o cancro [1]. Os medicamentos biossimilares (SBMs) são altamente semelhantes aos medicamentos biológicos de referência e têm sido utilizados com sucesso na Europa há mais de 15 anos, reduzindo custos e aumentando o acesso a tratamentos com biológicos [2]. Em Portugal, observam-se grandes discrepâncias entre instituições do Serviço Nacional de Saúde no que refere à utilização de SBMs, com variações que vão de 0% a 100% [3]. Embora os SBMs contribuam para a sustentabilidade do sistema de saúde, existem disparidades na sua adoção, tornando necessário delinear estratégias para as ultrapassar. Objetivos: Caracterizar a evolução da quota de SBMs de mAbs num hospital especializado de Portugal e analisar a taxa de crescimento anual dessa quota. Métodos: O estudo observacional, transversal e descritivo, foi desenvolvido a partir de dados secundários relativos aos mAbs utilizados em oncologia (rituximab, trastuzumab e bevacizumab). O período selecionado para análise foi entre janeiro 2018 e dezembro de 2022. Foi aplicado um modelo semelhante ao apresentado por Barros e Gomes [4] para cálculo das quotas. Foram ainda calculadas taxas de crescimento anual de acordo com o trabalho de Pimenta [5]. Resultados: Para os três medicamentos SBMs analisados, observou-se uma quota, em valor, crescente ao longo dos anos. Em 2022, o rituximab apresentou quota próximo dos 100%. Contudo, as quotas para as moléculas de trastuzumab e bevacizumab foram 20% e 23%, respetivamente. Conclusão: Os SBMs têm um papel fundamental para garantir uma gestão mais eficiente do sistema de saúde. As taxas de crescimento anual revelaram o aumento da utilização de SBMs para todas as moléculas analisadas. No entanto, ainda há um caminho a percorrer, com medidas políticas adicionais que incrementem a utilização de SBMs em oncologia.
References
APOGEN. Medicamentos Biossimilares-manual medicamentos biossimilares, 3rd ed. Medicines for Europe: Bruxelas, Bélgica, 2016.
Kurki P, Barry S, Bourges I, Tsantili P, Wolff-Holz E. Safety, Immunogenicity and Interchangeability of Biosimilar Monoclonal Antibodies and Fusion Proteins: A Regulatory Perspective. Drugs. 2021; 81:1881–1896.
Perelman J, Duarte-Ramos F, Gouveia AM, Pinheiro L, Ramos F, Vogler, S, Mateus, C. How do hospital characteristics and ties relate to the uptake of second-generation biosimilars? A longitudinal analysis of Portuguese NHS hospitals, 2015–2021. Expert Review of Pharmacoeconomics & Outcomes Research. 2022; 0:1–11.
Barros PP, Gomes JP. Elementos Macroeconómicos Condicionantes do Mercado de Genéricos. In: Apresentação no II Seminário de Política do Medicamento-Os genéricos. Faculdade de Economia - Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2002.
Pimenta R. A introdução do medicamento genérico em Portugal. Lição submetida para apresentação no concurso de provas públicas para professor coordenador na Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto, Porto, 2003.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Copyright (c) 2023 Sara Machado, Agostinho Cruz, Rui Pimenta