Abstract
Enquadramento: Autoanticorpos, como os antinucleares (ANA), são frequentemente encontrados em doenças autoimunes (DA) e têm sido associados a um risco aumentado de cancro. Estudos indicam que determinados perfis autoimunes podem estar relacionados com neoplasias específicas, sugerindo um potencial uso clínico desses marcadores para avaliação de risco oncológico. Objetivo: Avaliar a associação entre ANA e outros autoanticorpos com risco de cancro, destacando as suas implicações clínicas para a deteção precoce e gestão em DA. Métodos: Foi conduzida uma revisão bibliográfica com artigos das bases de dados PubMed e Scopus, publicados entre 2021 e 2024. Os critérios de inclusão foram estudos sobre a relação entre ANA, anti-TIF1γ, anti-U1RNP e neoplasias, excluindo estudos sem dados quantitativos. Cinco artigos foram analisados para identificar associações específicas entre autoanticorpos e tipos de cancro. Resultados: ANAs são associados ao risco aumentado de linfoma difuso de grandes células B, indicando uma ligação entre autoimunidade e certos cancros hematológicos [1]. ANAs são importantes na prática clínica, contribuindo para o diagnóstico e monitorização de DA e outras condições clínicas [2]. A presença do anticorpo anti-TIF1γ em casos de dermatomiosite pode identificar precocemente malignidades associadas [3]. Casos de doença mista do tecido conjuntivo podem aumentar o risco de cancro, como o do ovário, reforçando a necessidade de vigilância oncológica em DA [4]. Pacientes com miosite inflamatória idiopática têm maior incidência de cancro, sugerindo a necessidade de rastreamento oncológico em subgrupos específicos. Estes resultados destacam as interseções entre DA e o risco de Neoplasia [5]. Conclusões: Evidências sugerem uma associação significativa entre DA e o risco de desenvolvimento de cancro. A presença de ANA e outros anticorpos específicos não só desempenha um papel no diagnóstico de DA, mas também pode servir como um indicador de risco aumentado para certas malignidades, como o linfoma e o cancro do ovário. Assim, recomenda-se uma vigilância mais rigorosa e direcionada para rastreio oncológico em pacientes com DA. Estudos futuros deverão investigar os mecanismos imunológicos subjacentes para compreender melhor como a inflamação crónica e a disfunção imunitária contribuem para a oncogénese em condições autoimunes.
References
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