Resumo
Enquadramento: A infeção do trato urinário (ITU) é uma das infeções bacterianas mais frequentes, adquiridas na comunidade e em hospitais [1]. A urocultura, que identifica o microrganismo causador e o perfil de suscetibilidade a antibióticos, é essencial para o seu diagnóstico [2]. No entanto, a contaminação das amostras compromete a precisão dos resultados [2]. Fatores como sexo e idade influenciam as taxas de contaminação, sendo as mulheres e os idosos os mais afetados [3-5]. Objetivo: Avaliar o impacto do sexo e da idade nas taxas de contaminação das uroculturas, num hospital em Portugal. Métodos: Estudo observacional descritivo-comparativo, transversal e retrospetivo de 1861 uroculturas contaminadas num hospital em Portugal entre 2012 e 2022. Resultados: Os resultados demonstraram que as mulheres apresentam uma taxa significativamente mais alta de contaminação (63.8%) em comparação com os homens (36.20%), devido à sua anatomia (uretra mais curta) e a fatores comportamentais, como a atividade sexual. Além disso, a idade avançada foi identificada como um fator de risco importante, com os idosos a apresentarem uma maior propensão à contaminação, especialmente devido ao uso de dispositivos invasivos como cateteres e à presença de comorbidades. A contaminação é mais frequente em grupos etários com maior proporção de mulheres (>50%). Conclusões: A contaminação pode resultar em resultados falsos positivos, dificultando o diagnóstico das infeções urinárias e levando a tratamentos inadequados, como o uso desnecessário de antibióticos, o que contribui para o aumento da resistência antimicrobiana. Para minimizar o impacto da contaminação, o estudo destaca a importância da melhoria da fase pré-analítica, e a necessidade de formação contínua dos profissionais de saúde. A sensibilização para as boas práticas de colheita, especialmente em grupos mais vulneráveis como mulheres e idosos, é essencial para garantir diagnósticos precisos e tratamentos adequados para as infeções urinárias.
Referências
[1] Kaur R, Kaur R. Symptoms, risk factors, diagnosis and treatment of urinary tract infections. Postgrad Med J. 2021;97(1154):803–12. doi:10.1136/postgradmedj-2020-139090.
[2] Saddari A, Benhamza N, Dalli M, Ezrari S, Benaissa E, Lahlou YB, Elouennass M, Maleb A. Urinary tract infections in older adults at Mohammed VI University Hospital of Oujda: case series. Ann Med Surg (Lond). 2023;85(5):1408–12. doi:10.1097/MS9.0000000000000581.
[3] Foxman B. Urinary tract infection syndromes: occurrence, recurrence, bacteriology, risk factors, and disease burden. Infect Dis Clin North Am. 2014;28(1):1–13. doi:10.1016/j.idc.2013.09.003.
[4] LaRocco MT, Franek J, Leibach EK, Weissfeld AS, Kraft CS, Sautter RL, et al. Effectiveness of preanalytic practices on contamination and diagnostic accuracy of urine cultures: a laboratory medicine best practices systematic review and meta-analysis. Clin Microbiol Rev. 2015;29(1):105–47. doi:10.1128/CMR.00030-15.
[5] Geerlings SE. Clinical presentations and epidemiology of urinary tract infections. Microbiol Spectr. 2016;4(5). doi:10.1128/microbiolspec.uti-0002-2012.

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