Práticas de gestão de recursos humanos em PME: as empresas familiares nos territórios do interior

Dois estudos de caso em empresas dos setores da distribuição e do retalho

Resumo

Quando se debate a transição digital, a inteligência artificial (IA) e a sustentabilidade, esta comunicação centra-se sobre as PME familiares. Apesar das dificuldades em definir este tipo de empresas – a Comissão Europeia (2009) encontrou mais do que noventa definições – estas, em Portugal, foram responsáveis por cerca de 65% do emprego em 2021 (Associação das Empresas Familiares Portuguesas, 2021). A empresa familiar pode ser percebida como uma rede de ligações (afetivas, financeiras, informacionais e políticas) particulares e orgânicas que unem as pessoas da família empresária entre elas. Estas influenciam o governo da empresa em diferentes graus de intensidade (Rodrigues e Marques, 2021) e a sua sustentabilidade no longo prazo (Rodrigues, 2019). Guerreiro (1996) tipificou as relações entre família empresária e as empresas familiares, como:
a) clã: a propriedade do capital pertence a um número significativo de familiares de várias gerações, com laços de parentesco alargados, de consanguinidade e alianças;
b) linhagem: a propriedade do capital e a direção da empresa definem-se segundo uma lógica estritamente vertical, segundo a linha de descendência direta do fundador;
c) nuclear: envolve na propriedade e na gestão da empresa apenas os pais e filhos;
d) conjugal: a propriedade é do casal e a direção é, em geral, muito centrada no empresário com maior ou menor participação da mulher, a qual desempenha, por norma, funções de apoio logístico e administrativo;
e) fratria: a empresa é criada por irmãos, os quais detêm, em geral, experiências prévias de trabalho por conta de outrem e querem aplicar esses saberes em novos projetos;
f) individual: a empresa está ligada apenas a um empresário, sem mais qualquer membro da família envolvido na sua atividade ou propriedade. [...]