Parques de Ciência e Tecnologia no apoio ao cumprimento da Terceira Missão das Universidades – um estudo no UPTEC, Portugal
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.vi7.2709Palavras-chave:
Terceira Missão das Universidades, parques de ciência e tecnologia, transferência de conhecimento, empreendedorismoResumo
A missão das Universidades evoluiu com o tempo: começou por se focar no ensino tradicional, alargou-se à investigação académica e atualmente é reconhecido o contributo destas instituições para o crescimento e desenvolvimento socioeconómico. Nas últimas décadas, elas passaram a ser consideradas como atores-chave da criação de riqueza e da formação cultural. O amplo envolvimento destas instituições com a indústria e, mais recentemente, com a comunidade, proporcionaram a criação da Terceira Missão das Universidades, que se configura como o diálogo entre a ciência e a sociedade (Vorley & Nelles, 2008, Predazzi, 2012).
Segundo a International Association of Science Parks (IASP, 2002), os parques de ciência e tecnologia (PCTs) são organizações geridas por especialistas, cujo principal objetivo é aumentar a riqueza da comunidade, através da promoção de uma cultura de inovação e da competitividade das empresas por via do conhecimento que é gerado nas instituições de ensino superior. Desta forma, esta pesquisa equaciona os PCTs enquanto um dos instrumentos de operacionalização da Terceira Missão das Universidades.
Estas estruturas são atualmente consideradas como um veículo fundamental de desenvolvimento económico a nível regional e nacional, estando frequentemente relacionadas na literatura com o crescimento económico e a criação de emprego. Segundo a Tecparques (2017), dentro das vantagens dos PCTs destacam-se a criação, atração e retenção de mão-de-obra qualificada para as suas regiões de impacto.
Apesar do consenso político-social que existe em torno destas estruturas, o debate científico ainda não conseguiu estabelecer uma linha nítida no que diz respeito à avaliação dos impactos proporcionados pela sua existência no apoio à Terceira Missão das Universidades.
Perante esta lacuna, este estudo teve como objetivo avaliar a relação das empresas graduadas, isto é, que já tenham finalizado o seu vínculo com o PCT, na compreensão da capacidade dessa estrutura em promover o diálogo entre a ciência e a sociedade, como resultado do apoio ao empreendedorismo.
Para a concretização deste trabalho, foi selecionado o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), tendo por base um estudo já realizado acerca desta estrutura (Barbosa, 2014), bem como o conjunto das empresas graduadas que, à data de 31 de dezembro de
2016, tivessem concluído a sua ligação de incubação durante os 10 anos de funcionamento do UPTEC. Assim, foi aplicado um inquérito por questionário online a um total de 51 empresas.
Inspirados na metodologia desenvolvida no projeto 3EM - European Indicators and Ranking Methodology for University Third Mission, financiado pela Comissão Europeia com o apoio do Lifelong Learning Programme, que procurou gerar um instrumento abrangente para identificar, medir e comparar as atividades da Terceira Missão das Universidades, centrámos a nossa avaliação nas dimensões da educação contínua, da transferência de tecnologia e do empenho social (Soeiro, 2011; Carrión, A., et al., 2012), numa conjugação com a metodologia de gestão de desempenho Balance Score Card (BSC) (Kaplan & Norton, 1997).
Os dados gerados por este estudo foram submetidos a uma análise estatística uni e bivariada, que visou uma quantificação dos resultados do processo de incubação e da sua relevância para o estado atual das empresas graduadas nas três dimensões avaliadas.
Este trabalho pretendeu contribuir para o incremento da literatura com aplicabilidade prática em torno da mensuração do impacto do UPTEC no apoio à Universidade do Porto, visando avaliar as atividades do PCT como mecanismo impulsionador do desenvolvimento de empreendimentos que agreguem valor à sociedade, gerem empregos, renda e desenvolvimento da região