Incentivos Financeiros como mediadores de Satisfação dos Profissionais de Saúde
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.vi7.2704Palavras-chave:
Incentivos Financeiros, Satisfação no Trabalho, Cuidados de Saúde PrimáriosResumo
Sendo evolutivo e dinâmico o processo da reforma dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), desde a pressão da crise financeira as mudanças referentes ao seu modelo de desenvolvimento organizacional (Ministério Saúde, 2016; Vital & Teixeira, 2012) têm vindo a ser cada vez mais controversas . Deste facto resulta a coexistência de uma variedade de estruturas organizacionais – e.g., Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e as Unidades de Saúde Familiar (USF) - a que correspondem diferentes modelos de gestão, incluindo diferentes sistemas de incentivos financeiros com base em decisões de política governativa (“Decreto-Lei n.o 298/2007,” 2007). Já faz mais de três décadas ((Brinkerhoff & Price, 1975) que os incentivos financeiros foram considerados uma das dimensões de satisfação no trabalho, no entanto muito está por se compreender quer seja por razões metodológicas (Paauwe, Jaap; Guest, David E.; Wright, 2013) quer pelo recentes debates sobre os impactos da política (“GPs should do more to take pressure off A&E departments,” 2017) e prática (Meacock, Kritense, & Sutton, 2014) das recompensas financeiras Assim, aproveitando a existência da vertente diferenciadora de vários modelos, e indo de encontro com a ideia de Mooney, G. (1994) apud Morreale (1996) e confirmado mais recentemente por Kantarevi e Kralj (2013), que se deve encontrar um conjunto adequado de incentivos para a gestão efetiva dos serviços de saúde, este trabalho analisa a força dos incentivos financeiros como mediadores de satisfação no trabalho dos profissionais de saúde (PS) na atualidade. Este estudo qualitativo, com base em 12 entrevistas semiestruturadas a PS (4 médicos, 4 enfermeiros e 4 secretários clínicos) que trabalham em CSP numa grande cidade metropolitana ocorreram no segundo semestre de 2015, tem como objetivo melhor compreender até que ponto os incentivos financeiros estão associados a um elevado desempenho e a um positivo bem-estar psicológico dos profissionais. A análise de conteúdo dos diferentes profissionais revela que a satisfação está associada aos incentivos financeiros para os mais novos, no caso dos PS médicos, mas na sua generalidade para os PS enfermeiros e PS secretários Clínicos. Futuras investigações qualitativas serão necessárias para compreender a natureza do fenómeno a outras zonas geográficas e muito em particular o seu impacto nos utentes após estas mudanças terem ocorrido.