Voluntariado hospitalar - a problemática da definição de tarefas
Hospital volunteering - the problem of defining tasks
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.vi7.2671Palavras-chave:
Voluntariado hospitalar, Tarefas, Stakeholders, GestãoResumo
O voluntariado é uma forma dos indivíduos expressarem a sua identidade e os seus valores
(Wilson, 1999) sendo que, atualmente, várias organizações sem fins lucrativos (OSFL)
reconhecem a importância da gestão do voluntariado (GV) e do impacto positivo que o trabalho
voluntário pode ter no desempenho das organizações (Hotchkiss, Fottler, & Unruh, 2009;
Koehnen & Santos, 2009).
Os voluntários hospitalares estão presentes no contexto hospitalar desde longa data, onde têm
tido uma contribuição importante (Haski-Leventhal & Meijs, 2011), ainda que a evidência
empírica que suporte esta afirmação seja reduzida (Hotchkiss et al., 2009). Os benefícios da
utilização de voluntários hospitalares são múltiplos, o voluntariado pode ser considerado pelos
hospitais como uma fonte de recursos humanos (RH) com competências e conhecimentos, de
custo reduzido e que devem ser geridos por forma a alcançar os objetivos das organizações
(Nogueira-Martins, Bersusa, & Siqueira, 2010). Ao mesmo tempo existe alguma discussão acerca
do nível de formalização adequada para a função dos voluntários e consequentemente sobre
que tarefas devem ser realizadas pelos voluntários (Burbeck, Candy, Low, & Rees, 2014). Há
quem advogue que a formalização das atividades do voluntário é contrária aos valores da função
do voluntário (Tõnurist & Surva, 2016), portanto formalizar pode significar um aumento do
controlo externo e por isso uma redução da natural motivação intrínseca do voluntário. No
entanto, parece haver evidência que uma frágil e pouco adequada alocação de atividades, bem
como a falta de informação e de reciprocidade contribuem para a elevada desilusão dos
voluntários (Edwards, 2005). Neste contexto consideramos que a gestão dos voluntários
hospitalares (VH), particularmente no que respeita às funções e às tarefas desempenhadas e às
relações destes com outros stakeholders, são temáticas importantes e pouco exploradas na
literatura.
Através de um estudo exploratório, que incorporou a recolha e análise de dados qualitativos,
envolvendo a realização de 46 entrevistas a voluntários, funcionários e administração de três
hospitais, pretendemos dar resposta às questões em causa. Como resultado, concluímos que a
definição da função dos VH é genérica, permite diferentes interpretações e as tarefas afetas à
função do VH não são do conhecimento de todos os stakeholders. Esta problemática pode ainda
ter repercussões negativas no que respeita às relações entre voluntários e profissionais de
saúde, fomentando eventuais situações de conflito. No entanto, a maioria dos entrevistados
está satisfeito com o formato atual de gestão do voluntariado.