Discriminação em pré-seleção: imagem ou competências?
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i6.2348Palavras-chave:
Atratividade Facial;, Pré-Seleção;, Discriminação;, Práticas de GRH;Resumo
O presente estudo pretende contribuir para sensibilizar os profissionais responsáveis pela seleção de pessoas, sejam aqueles já em exercício das suas funções ou aqueles que venham a desempenhá-las no futuro, relativamente ao risco de poderem cometer um ato discriminatório em processos de pré-seleção sob influência da foto do candidato que consta no curriculum da candidatura. Neste sentido, este estudo de investigação confirma que uma determinada característica de um candidato não considerada relevante para o desempenho de uma função específica (candidato fisicamente atraente ou não), tem influência na decisão final do responsável pela seleção, traduzindo-se num ato discriminatório de todo indesejável.
O estudo, efetuado sob uma metodologia experimental, contou com uma amostra de 60 participantes da população portuguesa, 30 estudantes finalistas de Psicologia Organizacional e 30 profissionais de Recursos Humanos. A ação dos participantes centrou-se na avaliação que estes tiveram de fazer a quatro candidatos (duas mulheres e dois homens), sendo que uma mulher apresentava maior atratividade física e a outra menor, verificando-se uma situação análoga nos homens, ou seja, um com maior atratividade e outro com menor. Os participantes avaliaram e selecionaram os candidatos por ordem de prioridade através da leitura dos respetivos curricula (fictícios), escolhendo qual seria o mais e o menos adequado para uma entrevista de seleção, tomando como referência um anúncio de recrutamento previamente distribuído aos participantes da experiência para um cargo de Assistente de BackOffice, função para a qual a aparência não seria um fator relevante.
Análises estatísticas efetuadas através do teste t-Student para as duas hipóteses deste estudo ( H1: espera-se verificar que os candidatos com fotografia atrativa no C.V, independentemente do sexo são maioritariamente escolhidos para entrevistas de seleção, ao contrário dos candidatos com fotografia não atrativa; e H2: as escolhas dos profissionais não diferem significativamente das escolhas dos estudantes finalistas, no que se refere aos candidatos com maior e menor atratividade), mostraram que os candidatos com maior atratividade são preferencialmente escolhidos em comparação com candidatos com menor atratividade, confirmando desta forma a primeira hipótese. A segunda hipótese também foi confirmada, verificando-se que os profissionais são tão influenciados pelo fator atratividade quanto os estudantes futuros profissionais da área de recursos humanos.
Os resultados permitem-nos concluir pela existência de discriminação nos processos de pré-seleção perante candidaturas com perfil de competências, experiencia e idade semelhantes para postos de trabalho em que a imagem do candidato não deveria assumir fator determinante de escolha. A discriminação pela imagem deverá ser objeto de reflexão e as boas práticas de gestão de recursos humanos devem procurar não cometer erros de enviesamento nas suas tomadas de decisão por forma a evitar a geração de perceções de injustiça no acesso ao emprego.