Os Determinantes Individuais dos Comportamentos Não Éticos em Benefício da Organização
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i6.2273Resumo
Geralmente as pessoas cometem falhas na avaliação da natureza ética dos problemas. A ilusão de competência moral e o recurso a manobras cognitivas – mesmo que não intencionais ou conscientes – com o objectivo de minimizar o impacto de decisões eticamente dúbias parecem ser uma das causas da falta de ética nas organizações. Especificamente, comportamentos que beneficiem o decisor ou a sua organização tendem a ser considerados não só desejáveis como moralmente justificáveis. Uma abordagem compreensiva deste fenómeno implica por isso uma referência ao grau de intensidade e frequência com que certos mecanismos psicológicos dominam o processo de tomada de decisão ética. A pesquisa demonstra que certas pessoas parecem ser mais propensas a comportamentos eticamente dúbios se estes forem vistos como benéficos para a sua organização. O presente estudo foi realizado com profissionais de diversas organizações (N = 204) e teve como objectivo observar o papel das variáveis de carácter individual (i.e., maquiavelismo, identidade moral, descomprometimento moral e identificação organizacional) na propensão individual para a adopção de comportamentos antiéticos em benefício da organização. Os resultados sugerem que a saliência dos aspectos morais na identidade e o maquiavelismo aumentam a tendência individual para levar a cabo comportamentos antiéticos em favor da organização. São discutidas as implicações teóricas e práticas destes resultados para a compreensão do comportamento ético individual nas organizações.