O efeito das práticas de gestão de recursos humanos nos comportamentos de cidadania organizacional: o papel mediador da virtuosidade organizacional
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i4.2145Resumo
A investigação em torno das práticas de Gestão de Recursos Humanos (PGRH) tem tido como foco principal o efeito destas práticas no desempenho organizacional, existindo um elevado número de pesquisas que mostram a existência de relações positivas (Liu, Hall e Ketchen, 2006) seja entre práticas e sistemas de GRH e vários indicadores de desempenho, organizacionais ou financeiros. Encontramos na literatura (Huselid, 1995) assumpção de que as práticas consideradas de elevado desempenho conduzem não só a um melhor desempenho da função, mas também a comportamentos extra-papel por parte dos recursos humanos o que contribuiria para um melhor desempenho organizacional. Os comportamentos extra-papel que foram objeto da nossa pesquisa correspondem aos comportamentos de cidadania organizacional (CCO), definidos por Organ (1988;1997) como comportamentos discricionários que podem ou não ser diretamente ou explicitamente reconhecidos pelo sistema formal de recompensas, mas que promovem o bom funcionamento da organização. Apesar de existir pouca pesquisa sobre a relação entre PGRH e CCO, Sun, Aryee e Law (2007) encontraram uma relação positiva entre os dois constructos num estudo no setor hoteleiro. A nossa pesquisa procurou ainda determinar se a virtuosidade organizacional mediava a esta relação. A virtuosidade organizacional (VO), tal como conceptualizada por Cameron (2004) é geradora de vários tipos de consequências e comportamentos positivos nas organizações, o facilitar da aprendizagem individual, da comunicação e cooperação, aumentar o comprometimento, reforçar as relações e fomentar o comportamento pró-social, (Cameron. Bright, Caza, 2004). Resultados de uma pesquisa de Rego, Ribeiro e Cunha (2010) mostraram a existência de uma associação positiva entre VO e CCO. Já a relação entre as PGRH e a VO não tem sido objeto de pesquisa, embora existam nas referências aos antecedentes da virtude nas organizações a várias práticas de GRH, como em Gavin e Mason (2004) a promoção da autonomia e discrição, a formação, ou em Pratt e Asfoth (2003) a partilha de informação, o recompensar a aquisição de competências e estimular a participação. Os resultados da pesquisa obtidos a partir de uma amostra de 525 indivíduos, sugerem a existência de uma relação entre as PGRH e os CCO, e que esta é mediada pela VO. Estes resultados sugerem a importância da pesquisa sobre a virtuosidade organizacional e o seu papel para a discussão em torno dos CCO, e igualmente sobre as relações entre as PGRH e o desempenho das organizações.