Análise do funcionamento estrutural nas empresas: uma abordagem pela experiência e significação coletivas
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i4.2130Resumo
Esta comunicação propõe, de modo preliminar, um tipo de análise do funcionamento das estruturas organizacionais empresariais que considera cada nível estrutural como resultado prático das definições formais, mas também da interação de indivíduos concretos entre si e com a organização e o seu meio envolvente. Sendo cada organização uma configuração única de relações sociais, o objetivo desta análise é conhecer como se desenvolvem, em determinada área estrutural ou equipa, os processos internos e as relações com o resto da organização e restantes stakeholders, do ponto de vista dos indivíduos posicionados nesse nível. A abordagem privilegia o tipicamente coletivo, permitindo à organização a posterior análise no quadro da organização e da sua envolvente, eventualmente definindo necessidades de análise noutros coletivos estruturais da organização ou da sua envolvente, até estabilizar objetivos de intervenção que podem ser melhorias na formalidade estrutural, nos processos, na tecnologia, nas condições de trabalho, na liderança, na comunicação, na iniciativa ou na inovação. Os planos de ação destinam-se a aplicar medidas para o desenvolvimento organizacional através da realização daqueles objetivos. As principais ferramentas de desenvolvimento pessoal são coletivas, incidem sobre a afinação da estrutura e do ambiente de interação, a revisão dos procedimentos ou a formação a vários níveis. Os processos de desenvolvimento especificamente individuais, quando necessários, ganham sentido ético apenas neste quadro de assunção de responsabilidade da organização por necessidades relevadas coletivamente. Ao nível teórico e metodológico, reconhece-se, por um lado, a influência institucional das crenças socialmente aceites sobre o que deve ser a governação e o funcionamento das organizações, conferindo legitimidade às que aderem e idiossincrasia às restantes, cujo acesso a recursos fica dificultado. Em cada organização, os diversos níveis estruturais comunicam para o exterior de si ou entre si, respetivamente através de discursos públicos ou privados, os primeiros destinados a definir uma situação socialmente conveniente a uma conformidade social e aos objetivos do topo hierárquico e os segundos destinados a justificar simultaneamente aquela conformidade, assim como a desenvolver processos de manutenção de identidade, entre os indivíduos desse nível. Desenvolvem-se a cada coletivo, ao nível do discurso privado, uma moral-em-uso que justifica as relações com os restantes stakeholders com o objetivo de atingir objetivos e sobreviver na organização. Por outro lado, reconhece-se ainda que para além dos discursos públicos ou privados, cada indivíduo vive e significa o seu trabalho de acordo com a envolvente organizacional descrita, mas também de acordo com a sua história de vida nos vários meios sociais a que pertence. Por isso, a significação coletiva do trabalho, tomada em termos típicos ideais, corresponde ao que de coletivo se encontra nas suas descrições sobre as suas experiências importantes, se recolhidas em profundidade através de entrevistas num ambiente de confiança. Um exemplo de investigação elaborado numa instituição bancária nacional é utilizado com exemplo de aplicação da abordagem e dos seus resultados.