Caminhos de futuro: do diagnóstico à construção de competências no setor do Turismo: o caso do distrito de Setúbal
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i4.2114Resumo
Num contexto económico adverso, o turismo continua a ser uma atividade com protagonismo crescente no país e particularmente nalgumas das suas regiões. Segundo a UNWTO (1998), um dos benefícios económicos mais evidentes do turismo é a sua contribuição para o equilíbrio regional de um país, além da sua capacidade de gerar riqueza na área onde se desenvolve. O seu sucesso não depende unicamente de variáveis quantitativas estando fortemente condicionado pela qualidade, entendida aqui num sentido amplo. Ora, num contexto global de forte concorrência, em turismo, essa qualidade está intrinsecamente ligada às pessoas, numa conceção tridimensional que envolve os visitantes, as comunidades anfitriãs e os recursos humanos que garantem os serviços que lhe estão associados. Como refere Pereira (2009:87), “os recursos humanos são vitais para o desenvolvimento de qualquer território, não só na produção de riqueza mas também na estruturação de modelos culturais e identitários”. Apesar do reconhecimento da trimensionalidade do capital humano no turismo, debruçar-nos-emos sobre a componente comportamental, respeitante não apenas à atitude e ao relacionamento interpessoal, mas que contempla igualmente o conhecimento e a inovação, dois outros fatores indissociáveis do capital humano no âmbito da constelação do turismo. Em termos metodológicos, a investigação decorreu no âmbito do paradigma qualitativo, teve um carácter exploratório, e a construção da amostra não assentou em pressupostos aleatórios, recorrendo-se, no âmbito de uma postura arbitrária, a uma seleção intencional de elementos considerados informantes-chave. O estudo prospetivo que realizámos identifica o turismo como um dos setores em afirmação no distrito de Setúbal decorrente não apenas do seu atual papel mas sobretudo das suas evidentes potencialidades. Paralelamente concluiu-se que em termos operacionais, as atividades do turismo, e as consequentes necessidades de recursos humanos, perspetivam-se em três frentes: (1) o relacionamento interpessoal direto com o cliente; (2) a frente mais operativa e logística onde esse relacionamento não é predominante; (3) a estratégia e conceção de produtos e serviços e das redes em que estes se integram. Em qualquer uma das frentes identificadas é necessário o know-how adequado ao desempenho das funções. Tal conhecimento requer não só um perfil psicológico e humano adequado à função, mas também um conjunto de qualificações adquiridas através de formação inicial, contínua e “on Job”, sendo que o seu diagnóstico tal como o percurso para a sua construção configuram-se também como objetivos iniciais e conclusões desta investigação. Neste contexto, consideramos fundamental investir na qualificação das populações deste território, de forma a preparar os atores locais, direta e indiretamente relacionados com o turismo, para contribuírem para o desenvolvimento turístico, rentabilizando, simultaneamente, em proveito próprio, as mais-valias do próprio processo. Esta rentabilização inclui a ocupação dos postos de trabalho criados pelos promotores turísticos, mas sobretudo a autocriação de postos de trabalho e a valorização dos negócios já existentes, numa atitude de inovação e empreendedorismo. Apenas desta forma, os residentes poderão ser recetores das mais-valias desse processo, numa lógica de sustentabilidade.