Implementação do programa "Cirurgias seguras salvam vidas"
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i4.2108Resumo
PERTINÊNCIA DO ESTUDO: A assistência cirúrgica constitui uma componente essencial dos sistemas de saúde. Contudo, apesar de terem ocorrido progressos importantes nas últimas décadas, infelizmente a qualidade e a segurança da assistência cirúrgica tem variado em todas as partes do mundo. Embora as taxas de mortalidade e as complicações após cirurgia sejam difíceis de comparar, devido à diversificação/variabilidade dos casos, nos países desenvolvidos as complicações cirúrgicas major ocorrem em 3-16% dos procedimentos cirúrgicos, provocando invalidez permanente ou morte em 0,4-0,8%. Segundo a mesma fonte, cerca de metade dos eventos adversos nesses estudos foi determinado como evitável (WHO, 2008). Neste contexto, em 2003, a Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations propunha a criação de protocolo universal para o doente cirúrgico. No seguimento, 4 anos depois, a OMS, iniciou um programa denominado “Cirurgias seguras salvam vidas”. Em 2010, a DGS emitiu uma Circular Normativa determinando a implementação do referido programa em todos os blocos operatórios do Sistema Nacional de Saúde, sendo desconhecidos os resultados concretos da sua aplicação. OBJETIVOS: O presente trabalho, procurando contribuir para a consolidação de uma cultura de segurança e promover adesão a esta prática, propôs-se estudar a sua aplicação em todas as intervenções cirúrgicas do bloco operatório central, realizadas na Instituição de Saúde em Estudo, entre 19 de julho e 19 de setembro de 2011. Seguindo, a metodologia que lhe está subjacente aos programas de melhoria contínua da qualidade, o ciclo de Deming (PDCA), procedeu-se ao diagnóstico, implementaram-se ações para resolver problemas detetados. Preconiza-se, ainda, a avaliação dos efeitos dessa intervenção e da possibilidade da implementação de medidas corretivas. RESULTADOS: Os principais problemas encontrados dizem respeito à adesão à LVSC, cuja taxa de realização se situa nos 24% (242) e sua utilização nos diferentes momentos preconizados de forma incorreta em 43,4% (86). A marcação do local cirúrgico, quando aplicável, apenas está presente em 22,7% (55) sendo o percentual da não marcação superior em cerca de 8%. A administração de profilaxia antibiótica e tromboembólica e a visibilidade de exames durante o ato operatório são também questões de relevo na análise dos resultados. Destaca-se ainda um aspeto relativo à comunicação escrita, enquanto necessidade de obter resposta a todos os itens bem como transmitir informação pertinente acerca do utente/procedimento cirúrgico. Procurando manter o envolvimento da equipa, negociaram-se as medidas corretivas, que se encontram em implementação.