O padrão de expatriação em empresas portuguesas
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i4.2078Palavras-chave:
Missões internacionais;, Expatriação;, Razões organizacionais para a expatriação;, Tipos de missões internacionais;, Perfil de expatriados;, Países de destino;Resumo
Este estudo ajuda a compreender o padrão de expatriação de uma amostra de empresas portuguesas. Especificamente, apresenta os tipos de missões internacionais, os países de destino, as razões que levam as empresas portuguesas a recorrerem a expatriados, a duração dessas missões internacionais e o perfil dos trabalhadores expatriados.
Os dados foram recolhidos através de entrevistas semi-estruturadas a 30 repatriados portuguesas e 14 representantes organizacionais de 7 empresas portuguesas. Foi utilizada a metodologia qualitativa, com recurso a entrevistas semi-estruturadas para recolher informação e à análise de conteúdo para tratamento da informação obtida.
Os resultados permitiram as seguintes conclusões de investigação: (1) a gestão de expatriação está num estado incipiente. Mais do que uma atividade estratégica, a amostra de empresas estudada desenvolve uma gestão meramente administrativa dos seus expatriados/repatriados; (2) a expatrição é assumida como estratégia de controlo das operações das filiais estrangeiras; (3) as razões que levam as empresas portuguesas a expatriarem colaboradores estão ligadas às necessidades de negócio e ao controlo das operações internacionais; (4) apesar das missões internacionais terem diversos países de destino, Angola e Brasil foram referidos como os mais representativos; (5) a maioria das empresas portuguesas usa os expatriados para fazer missões internacionais técnicas. Por isto, a decisão de seleção recai sobre trabalhadores nos quais a empresa confia e nos que têm bom conhecimento técnico.
Em suma, este estudo por abranger um novo contexto geográfico ainda não explorado, ajuda a colmatar este gap. Por outro lado, a gestão estratégica de expatriados e a dimensão da empresa podem ajudar a explicar algumas especificidades do padrão de expatriação encontradas nas empresas portuguesas quando comparadas com outros países. Por exemplo, o estudo ajuda a compreeender que, nestas empresas, a expatriação de tipo técnico predomina sobre as expatriações de tipo desenvolvimental, funcional ou estratégica. As empresas portuguesas estão mais ligadas à necessidade de implementar objetivos corporativos e à transferência da cultura da sede para as filiais estrangeiras. Comparando os resultados encontrados com os recentemente obtidos por Tungli e Peiperl (2009), as empresas portuguesas assemelham-se mais às empresas do Reino Unido e do Japão (i.e., usam a expatriação para criar novas operações) do que com as empresas Norte Americanas (i.e., para preencher gaps de competências). A gestão de expatriados nas empresas do nosso estudo parece ser conguente com a maioria das empresas europeias, apresentando uma abordagem etnocêntrica de gestão internacional de recursos humanos (Mayrhofer & Brewster, 1996), i.e. a autoridade e a tomada de decisão estão centradas na sede da empresa. Este tipo de estratégia é típica de empresas que tenham iniciado recentemente o seu processo de internacionalização, e nas quais as posições centrais das filiais estejam atribuídas a expatriados da sede da empresa. Os expatriados têm um papel central na transmissão da cultura e dos conhecimentos técnicos da sede para as filiais estrangeiras. As empresas com uma gestão etnocêntrica (Colakoglu e Caligiuri, 2007) tendem a considerer os expatriados da sede como mais confiáveis do que os colaboradores nativos dos países onde as filiais das empresas estão localizadas.