Recrutamento em ambiente de diversidade cultural na Europa

Resumo

A globalização e os instrumentos (e. g. Erasmus, Europass, etc.) implementados pela União Europeia conduzem lentamente ao crescimento da mobilidade da força de trabalho na Europa. Genericamente, a mobilidade e a diversidade da força de trabalho são aspetos positivos de competitividade. Por exemplo, a nível macro, a mobilidade da força de trabalho permite um ajustamento das economias às novas exigências do mercado externo, conduzindo à competitividade. A um nível micro, as empresas podem beneficiar de uma força de trabalho diversa (recursos qualificados, inovação e adaptabilidade). Contudo, tal como referido por alguns investigadores e pelo European Monitoring Centre on Change (EMCC), a mobilidade e a diversidade da força de trabalho não surgem sem desafios associados e devem ser analisadas com atenção. A cultura organizacional é determinada por um ADN corporativo e pela cultura local, sendo assim provável que emerjam diferenças significativas entre os trabalhadores locais e trabalhadores estrangeiros, nomeadamente no que se refere a temas como a liderança, a ética laboral ou as políticas de recursos humanos. De forma a enfrentar o impacto da diversidade cultural, as empresas devem ter uma estratégia clara de diversidade que inclua todos os processos-chave da organização. O EMCC destaca o papel importante de um processo de recrutamento apropriado na resposta aos desafios da diversidade da força de trabalho. Tal é também identificado por outros investigadores: “Com a intensificação da globalização, o conhecimento das diferenças culturais torna-se um aspeto crítico. Na área de recrutamento, uma base de conhecimento cultural é crucial para fazer face aos desafios colocados na procura de talentos internacionais. Contudo, conhecemos muito pouco sobre a eficácia de práticas de recrutamento em ambiente de diversidade cultural, uma vez que a maioria dos estudos são aplicados nos EUA” (Mayer, R., Allen, D., 2009, Recruiting across cultures, Dep. Of Management, Fogelman College of Business & Economics, University of Memphis). Um outro estudo do Intercultural Management Institute refere também como as diferenças culturais podem afetar a forma como as competências chave são interpretadas. Enquanto as competências e a experiência continuam a ser importantes no recrutamento, alguns estudos e casos práticos apontam para a crescente importância do fit motivacional como um ponto diferenciador aquando o processo de seleção. Num relatório de investigação do centro australiano DDI, o fit motivacional é definido de duas formas distintas: job fit motivation e organisation fit motivation. O elemento mais comum e frequente relativamente ao fit organizacional foca a coerência entre os valores organizacionais e os valores individuais, sendo também frequentemente associado ao fit cultural. Uma vez que os critérios de empregos continuam a mudar e a diversidade da força de trabalho a aumentar, o fit cultural torna-se cada vez mais importante para um recrutamento de sucesso. No entanto, a investigação realizada demonstra que os profissionais de recrutamento não incluem este aspeto do fit cultural nas suas práticas. O projeto REDIVE, apoiado pela Comissão Europeia, visa incrementar os processos de recrutamento multicultural nas organizações europeias de forma a aumentar a eficácia da diversidade da força de trabalho. A parceria REDIVE propõe desenvolver e implementar um programa de desenvolvimento de competências para potenciar a eficácia dos processos de recrutamento multiculturais. Este programa deverá contribuir também para apoiar a eficácia da diversidade da força de trabalho, aumentando a competitividade e reduzindo os custos de recrutamento e retenção dos colaboradores. O projeto REDIVE pretende ainda apoiar a eficácia de programas de mobilidade, como o Programa Erasmus, e assegurar o sucesso da mobilidade e diversidade da força de trabalho europeia.