Saúde e qualidade de vida no trabalho: a gestão do stresse num contexto global conturbado
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i3.1874Resumo
O mundo atual vive uma situação de globalização e mediatização dos acontecimentos sociais numa escala sem precedentes na história humana, com efeito na perceção que as pessoas e as organizações constroem sobre o ambiente social, económico, financeiro e político no qual se encontram inseridas. A crise financeira e económica que atualmente afeta o mundo contribuiu para aumentar a perceção de incerteza dos indivíduos e agravar a desregulação das relações sociais ligadas ao mundo do trabalho. Num contexto global conturbado, o impacto de fatores sociais não diretamente associados ao contexto de trabalho tem implicações profundas na vida dos indivíduos, afetando-os, alterando a qualidade de vida no trabalho, a sua saúde e, consequentemente, as organizações de que estes fazem parte.
O objetivo desta comunicação é fazer uma reflexão crítica sobre possibilidade de articulação entre a conceptualização da qualidade de vida no trabalho e a de saúde, focalizando o interesse na gestão do stresse. Assim, após uma breve referência aos desenvolvimentos teóricos no campo da qualidade de vida e no campo da saúde (centrados na dimensão do trabalho) pretende-se analisar as teorias e modelos explicativos do stresse, bem como diferentes estratégias de intervenção ao nível da gestão de stresse em contexto organizacional, no sentido de encontrar respostas que possam contribuir para uma melhoria da qualidade de vida no trabalho, diminuindo os problemas de saúde das pessoas e contribuindo para o desenvolvimento sustentado das organizações. Com as alterações introduzidas na organização do trabalho, fruto da emergência do paradigma sistémico e do modelo sócio-técnico, assumiu-se a necessidade de melhorar a qualidade de vida no contexto organizacional, promovendo, simultaneamente, uma maior realização dos indivíduos através do desempenho da sua atividade profissional e uma maior eficácia e eficiência das organizações. Deste modo, a área da gestão dos recursos humanos, ao longo dos últimos 60 anos, tem-se modificado profundamente, resultado quer do crescente conhecimento teórico-conceptual das ciências sociais (psicologia, sociologia, economia, gestão), quer do aumento do interesse/necessidade por parte das organizações em gerir adequadamente os seus recursos humanos, entendidos como o novo diferencial competitivo.