Desempenho ético nas organizações: o impacto do processo de estabelecimento de objetivos
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i3.1867Resumo
Amplamente considerada na definição de políticas de gestão de recursos humanos, a teoria do estabelecimento de objetivos afirma a existência de uma relação linear positiva entre a definição de metas e desafios e o nível de performance alcançado pelos colaboradores. A definição de objetivos vinculados ao desempenho organizacional constitui um processo-chave de autorregulação que permite aos colaboradores avaliar comportamentos e realizar os ajustamentos necessários de forma a lidar com a discrepância entre os outputs atuais e os resultados esperados. No entanto, pouca atenção tem sido prestada às consequências éticas do processo de estabelecimento de objetivos nas organizações. Deste ponto de vista, a definição de objetivos desafiantes e fortemente comprometidos com o desempenho podem contribuir para a degradação da performance dos colaboradores por via do “estreitamento” da atenção para aspetos isolados da tarefa ou seja, aqueles que se encontram diretamente relacionados com o cumprimento do objetivo. Sob determinadas condições, o estabelecimento de objetivos poderá sobrepor-se às avaliações individuais sobre as relações de custo-benefício das ações não éticas sendo por isso necessário considerar o conjunto de fatores psicológicos relacionados com a capacidade dos colaboradores em reconhecer assuntos de natureza ética sem que tal processo sofra interferências que conduzam à desativação dos processos de controlo interno que impelem a ação sob princípios éticos. O presente estudo, conduzido em contexto organizacional, examina o impacto do processo de estabelecimento de objetivos na formação de julgamentos morais sobre situações eticamente dúbias. Os resultados são discutidos na perspetiva das práticas de gestão de recursos humanos, salientando-se a sua relevância para o incremento da capacidade de escrutínio ético nas organizações.