O bem comum como responsabilidade social da empresa: que "bem"? "Comum", de que forma?

Autores

  • José António Varela ISCTE/IUL
  • Nelson Santos António ISCTE/IUL

DOI:

https://doi.org/10.26537/iirh.v0i3.1809

Resumo

As preocupações das empresas, sobretudo as maiores, quanto à ética dos seus comportamentos são, neste momento, aparentemente generalizadas, como evidenciam, por exemplo, o discurso que adotam ou as iniciativas autorreguladoras a que aderem. No entanto, o movimento da responsabilidade social nas empresas não parece ter alterado de forma profunda o modo como os negócios são entendidos, não só pelos próprios gestores e colaboradores, como também pela sociedade em geral, que encara aquele esforço com ceticismo e desconfiança. Esta realidade, bem como a situação presente de crise económica e financeira internacional, colocam em questão muitos dos pressupostos subjacentes à atividade económica, particularmente no que respeita aos objetivos e fim último das empresas. Com efeito, as conceções mais generalizadas e populares sobre a natureza da empresa refletem as premissas da orientação exclusiva para os acionistas, com resultados que não parecem satisfatórios. A própria teoria dos stakeholders, que propõe a criação de valor para todas as partes interessadas e não apenas para o acionista, não tem provocado, na prática, o repensar da missão dos negócios e de como as empresas podem, de facto, assumir as suas responsabilidades sociais e contribuir para um mundo melhor. É neste contexto que surge a proposta da teoria da empresa baseada no princípio do bem comum, como contributo para colmatar as lacunas e insuficiência do modelo clássico da empresa e da teoria dos stakholders, opondo-se ao primado do interesse egoísta de cada indivíduo, desligado de toda a sua envolvente social e comunitária. Porém, não só o conceito de bem comum tem sido largamente ignorado pelos estudiosos da gestão (Bettignies e Lepineux, 2005) como falar de bem comum é difícil, num contexto individualista e resiste à ideia de um bem que é partilhado e que não corresponde, no fundo, ao interesse camuflado de um determinado grupo (O’Brien, 2008) ou a uma mera distorção que ponha em causa a liberdade de cada indivíduo. Partindo da revisão da literatura sobre o princípio do bem comum e a sua relação com a teoria da empresa, a presente investigação tem como objetivo contribuir para uma definição do bem comum que seja possível operacionalizar pelas empresas. Para tal, considera-se que a ética das virtudes fornece condições para melhor definir o que é o bem, ao mesmo tempo que a corrente comunitarista apela para o sentido de algo que é comum, sem colocar em causa a liberdade individual.

Publicado

2014-04-04

Como Citar

Varela, J. A., & António, N. S. (2014). O bem comum como responsabilidade social da empresa: que "bem"? "Comum", de que forma?. Conferência - Investigação E Intervenção Em Recursos Humanos, (3). https://doi.org/10.26537/iirh.v0i3.1809