A reciprocidade e o mercado de trabalho
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i3.1787Resumo
Na perspetiva marginalista neoclássica admite-se que empresas e trabalhadores têm um comportamento organizacional. Os economistas, em geral, admitem que existe um acordo entre trabalhador e empresa sobre um mínimo padronizado de esforço que tem de ser executado pelo trabalhador em troca de um salário. Neste âmbito, a teoria económica prevê que o trabalhador, num contexto de uniformidade de salários e ausência de possibilidades de promoção, escolha o nível de esforço necessário para cumprir o contrato, que acontece para uma desutilidade marginal do esforço nula, dada a ausência de incentivos da empresa. A evidência empírica revela, no entanto, que os níveis de esforço acabam por ser superiores ao esforço mínimo sem que as empresas alterem os níveis mínimos de esforço esperados. Akerlof conclui que a teoria económica convencional não explica totalmente os fenómeno laborais. Os comportamentos das empresas e dos trabalhadores não podem ser explicados apenas pela prossecução do interesse pessoal. Embora não se pretenda substituir o papel do homo-oeconomicus na economia pelo homo-reciprocans, em alguns contextos, este último produz melhores previsões que o primeiro. São as características do contexto em que o individuo se encontra que determinam o seu comportamento. Nos modelos que têm sido construídos para explicar os comportamentos recíprocos, não se abandonou a maximização quando se age reciprocamente. A observação de comportamentos recíprocos suporta-se no método experimental, nessa linha, em contexto de sala de aula, solicitou-se aos alunos a participação num jogo de troca de ofertas “Gift Exchange Game”. Os resultados obtidos revelam uma clara evidência de comportamentos recíprocos.