Perceção das práticas de gestão de recursos humanos e bem-estar no trabalho: um estudo de caso de polícia
DOI:
https://doi.org/10.26537/iirh.v0i3.1774Resumo
A literatura na área da psicologia da saúde ocupacional focaliza-se essencialmente nas características individuais dos trabalhadores e nas características do trabalho, deixando de lado as características inerentes à organização e a forma como é gerida. Com o objetivo de contribuir para a minimização deste vazio, o presente trabalho foca o papel preditor das perceções das práticas de gestão de recursos humanos (GRH) no bem-estar no trabalho. Inquiriram-se 856 polícias de sete instituições de polícia, avaliando-se através de questionário as perceções acerca de cinco práticas de gestão de recursos humanos (formação e desenvolvimento, comunicação e acesso à informação, avaliação de desempenho orientada para o desenvolvimento, promoção de saúde e oportunidade de participação) e o bem-estar no trabalho. Os resultados mostram que, quanto mais os polícias consideram a comunicação transparente e partilhada, a avaliação de desempenho como clara e justa, a formação como promotora de desenvolvimento pessoal e profissional, a existência de práticas de promoção da saúde, bem como participação nas atividades de gestão, mais elevado são os seus níveis de bem-estar no trabalho. As perceções das práticas de formação e de comunicação são preditoras significativas do bem-estar afetivo global no trabalho, da satisfação com o trabalho e do entusiasmo no trabalho. Para a investigação futura sugere-se a replicação deste estudo noutros setores de atividade. Este trabalho reforça a noção de que as variáveis organizacionais têm um potencial explicativo e possibilitam um contributo a ser incluído nos modelos de bem-estar no trabalho e nas intervenções. Na prática, este estudo aponta para um conjunto de aspetos que poderão ser alvo de intervenção no sentido de promover o bem-estar no trabalho.