A ANÁLISE DO PROCESSO COMUNICATIVO APLICADA AOS CONTEXTOS FORENSES DE INTERAÇÃO. UMA PERSPETIVA MULTIMODAL
DOI:
https://doi.org/10.34630/polissema.vi.5625Palavras-chave:
Processo comunicativo; Multimodalidade; Estudos do Gesto; Interações face a face; Contextos forenses; Software.Resumo
Numa interação face a face, além das mensagens passadas através da fala, cada indivíduo comunica também informação através dos movimentos do corpo que executa (Kendon, 2013, p. 7). Na perspetiva dos Estudos do Gesto, os movimentos das mãos (gestos), da cabeça, do tronco e dos membros inferiores são diferentes modalidades que possuem um papel de igual importância no processo comunicativo (Lopes, 2020). Estes movimentos cinésicos transmitem dois terços das mensagens que cada falante passa numa interação (Aghayeva, 2011). Por isso, ignorá-los numa possível análise do processo comunicativo significa não ter em conta uma quantidade considerável de informação (Jones e LeBaron, 2002, p. 512). Na situação específica de uma interação face a face ocorrida em contextos forenses – interações em sede de Tribunal e de Órgãos das Forças de Segurança –, se se analisar, para fins de investigação judicial, apenas o que foi verbalizado pelos falantes, a quantidade e relevância da informação que se desperdiça é inegável. Até ao momento, os movimentos do corpo não têm sido considerados quando importa analisar o que um suspeito ou um arguido, por exemplo, está a transmitir (Lopes, 2020). Porém, através de uma microanálise multimodal de interações face a face – na qual todos os movimentos do corpo, bem como a fala, são estudados – é possível obter informação que de outra forma de perderia. A microanálise desenvolvida anteriormente (Lopes, 2020) evidenciou que estes movimentos podem transmitir informação não comunicada oralmente (Lopes, 2020). Foi igualmente demonstrado que esta informação adquire uma grande importância no contexto de análise de um processo judicial, tendo-se verificado ainda a necessidade da colaboração de peritos linguistas na análise das interações ocorridas em contextos forenses, bem como a gravação em vídeo das interações face a face ocorridas nestes contextos (Lopes, 2020).
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