Resumo
Este painel contou com a participação de 4 oradores convidados e moderação de Agostinho Cruz (Coordenador do Centro de Investigação em Saúde e Ambiente, ESS, IPP):
• Manuel Sobrinho Simões – Presidente do IPATIMUP;
• Teresa Summavielle – Investigadora do Instituto de Investigação em Inovação em Saúde, I3S;
• Isabel Castanho – Investigadora no Beth Israel Deaconess Medical Center;
• Maria João Antunes - Representante da Associação de Bolseiros de Investigação Científica
Foi relatora, Mariana Sousa (CISA, ESS, IPP)
As I Jornadas do CISA: Jovens com a Ciência realizaram-se no passado dia 30 de junho de 2023, no Auditório Magno da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto e consistiram em dois momentos. O primeiro, no formato de mesa-redonda, intitulado “Jovens com a ciência, uma reflexão” e um segundo, no qual foram apresentados vários trabalhos de mestrado e doutoramento realizados no âmbito do CISA. Numa nota introdutória, destacou-se a importância de partilhar o conhecimento decorrente da investigação realizada pelos estudantes e orientadores, promover parcerias e colaborações, estimular novas pesquisas e divulgar a investigação e a ciência. O I Painel contou com a presença de investigadores com carreiras de relevo para a discussão. Neste, foram abordadas as principais dificuldades, desafios e oportunidades apresentados aos jovens que pretendem desenvolver investigação científica em Portugal. Primeiramente, discutiram-se as oportunidades fornecidas pelas instituições de ensino superior. A partir destas foram mencionadas dificuldades que decorrem dos planos de estudos, como o excesso de trabalhos e avaliações, e a estrutura transversal dos cursos, que representam obstáculos à realização de atividades investigação. Como consequência, o tempo livre que os estudantes dispõem não é compatível com as atividades de laboratório. Neste aspeto, os programas curriculares, devem contemplar a importância das notas para o desenvolvimento de investigação cientifica bem como, as etapas para seguir esse caminho. A ciência é um elemento crucial para a aprendizagem. Na investigação cientifica existem dois tipos de pessoas: aqueles que desejam ser investigadores e encontrar respostas para questões e problemas, e aqueles que desejam utilizar a ciência. Com base nestas informações, os jovens têm de estar preparados para a mudança e aproveitar as oportunidades para aprofundar o conhecimento. No que diz respeito à opção de construir uma carreira em investigação, foram discutidas duas questões basilares: a deterioração das condições de trabalho no ensino superior (os vínculos instáveis e a sobrecarga de trabalho – que impactam negativamente a orientação científica) e a desvalorização do trabalho de pesquisa científica, na qual os jovens são considerados estudantes em vez de trabalhadores. Durante as licenciaturas, são poucas as oportunidades oferecidas, com exceção dos projetos finais de curso. As bolsas de iniciação à investigação são raras e muitas vezes já estão predestinadas. Considerando a questão de investimento em educação e ciência, esta foi apontada como um problema global. A falta de financiamento e recursos dificultam as atividades de investigação. Neste campo, Portugal precisa de definir uma estratégia para a ciência e investir de acordo, criando um quadro de trabalhadores alinhado com as necessidades definidas. Neste momento, a massa trabalhadora, embora seja crucial para a evolução da ciência, são estudantes, e não trabalhadores. Foi ainda debatida a distinção entre voluntariado e trabalho remunerado, levantando questões sobre equidade e valorização do trabalho científico, pois a realização de atividades de investigação em regime de voluntariado exclui os estudantes com dificuldades económicas. Referiu-se também que, a carreira de investigação é praticamente inexistente. Esta, diferencia-se da carreira académica e, atualmente, não fornece reconhecimento ou recompensas. Neste âmbito, destacam-se a precariedade das condições de trabalho e as questões de proteção social, como o seguro social voluntário e consequentemente, os subsídios de doença e pensões de velhice. Por fim, foi discutido o papel de outras entidades, como empresas, enfatizando a necessidade do investimento privado. As empresas podem ser uma fonte de oportunidades para doutorados, fora do ambiente académico. Em suma, o painel proporcionou uma análise abrangente dos desafios e oportunidades enfrentados pelos jovens que pretendem envolver-se em investigação científica, destacando a necessidade de investimento, mudanças estruturais e valorização da carreira.
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