Mecanismos combinados na apneia central do sono: contributo da obesidade e dos opioides na instabilidade ventilatória
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Keywords

Síndrome de Apneia Central do Sono
Opioides
Obesidade e Hipoventilação
Metadona
Ventiloterapia

How to Cite

Furtuna , E., Magalhães, A., & Pereira, A. (2025). Mecanismos combinados na apneia central do sono: contributo da obesidade e dos opioides na instabilidade ventilatória. Proceedings of Research and Practice in Allied and Environmental Health, 3(1), 7. https://doi.org/10.26537/prpaeh.v3i1.6418

Abstract

Enquadramento: O uso crónico de opioides compromete a quimiossensibilidade central ao dióxido de carbono (CO₂) e oxigénio (O₂), favorecendo a instabilidade ventilatória e podendo levar à Síndrome de Apneia Central do Sono (SACS) [1]. Descreve-se o caso de uma mulher de 40 anos, fumadora, com índice de massa corporal (IMC) de 38,1 kg/m², em programa de substituição com metadona, referenciada para consulta de Patologia do Sono por roncopatia, apneias testemunhadas e pontuação 9/24 na Escala de Sonolência de Epworth (ESE). Objetivo: Descrever a relação entre a SACS, o uso crónico de opioides e a obesidade, evidenciando a importância da investigação etiológica e escolha individualizada da ventiloterapia. Métodos: Realizada (i) anamnese aprofundada focada em comorbilidades e exposição a fármacos com impacto respiratório; (ii) realização de registo poligráfico do sono nível III; (iii) revisão da terapêutica com identificação de fatores contribuintes para a apneia central do sono e Síndrome de Obesidade-Hipoventilação (SOH). Resultados: O estudo do sono evidenciou Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) de 30 eventos/hora, com predominância de eventos centrais (24/hora), dessaturações significativas (20/hora); 37% do tempo com dessaturação inferior a 90% e roncopatia relevante, compatíveis com SACS associada a opioides e possível SOH. Ventiloterapia com pressão positiva automática (aPAP) foi instituída, com excelente adesão e melhoria clínica significativa (ESE: 0/24). A paciente foi encaminhada para cirurgia bariátrica por insucesso na mudança de estilo de vida e aumento do IMC para a categoria de obesidade mórbida (IMC > 40 kg/m2). A literatura corrobora a associação entre SACS e uso prolongado de opioides, devendo a escolha da modalidade ventilatória considerar o risco de hipocapnia iatrogénica [2,3]. Optou-se pelo aPAP pela capacidade adaptativa aos padrões ventilatórios [1,4,5]. Conclusões: Existe necessidade de abordagem individualizada na SACS com avaliação clínica criteriosa e reavaliação periódica, enfatizando a investigação etiológica, otimização terapêutica e modificação de fatores de risco.

https://doi.org/10.26537/prpaeh.v3i1.6418
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