Trabalho em Equipa pelos olhos dos Técnicos de Análises Clínicas e Saúde Pública de Portugal

Abstract

Enquadramento: O trabalho em equipa (TE) é estruturante na prestação de cuidados de saúde seguros e de qualidade [1], especialmente em contextos com elevada especialização e escassez de recursos [2,3]. A colaboração entre profissionais está fortemente associada à segurança do doente [4]. Os Técnicos de Análises Clínicas e Saúde Pública (TACSP) assumem um papel central no diagnóstico e monitorização clínica, sendo essencial um ambiente colaborativo e inclusivo que potencie o seu desempenho [5]. Objetivos: Analisar a perceção dos TACSP sobre o TE, analisando diferenças segundo variáveis sociodemográficas e profissionais, e identificando oportunidades de melhoria. Métodos: Estudo quantitativo, descritivo e transversal, com recolha de dados via questionário online que incluiu três subescalas da versão portuguesa do TeamSTEPPS Teamwork Perceptions Questionnaire, a uma amostra não-aleatória de TACSP.  A análise estatística foi realizada com o software Statistical Package for the Social Sciences e significância 0,05. Resultados: Participaram 315 TACSP (89,5% do sexo feminino; média etária: 40 anos). 73,7% possui licenciatura e 80,3% vínculo laboral efetivo. Chefias (9,2%) reportam uma perceção mais positiva sobre a resolução de conflitos (p = 0,036) e comunicação de feedback (p = 0,018). O tempo de experiência associou-se positivamente à clareza dos objetivos da equipa (p = 0,016). Equipas com menos de 10 elementos (30%) evidenciaram perceções mais favoráveis. A maioria dos profissionais considera que a equipa evita a culpabilização direta perante erros. As principais fragilidades identificadas incluem a ausência de reuniões e de comunicação aberta. Conclusões: Existem fragilidades nas práticas das equipas de TACSP, com impacto potencial na eficácia do TE e qualidade dos resultados. A escassa frequência de reuniões e de comunicação aberta revelam falta de espaços de partilha e reflexão conjunta. A promoção de reuniões regulares, espaços de comunicação estruturada e desenvolvimento de competências relacionais emergem como estratégias fundamentais para consolidar equipas coesas, seguras e humanizadas.