Tratamento da hepatite C em Portugal: análise dos custos no Sistema Nacional de Saúde

Abstract

Enquadramento: A hepatite C é uma doença infeciosa que afeta o fígado, causada pelo vírus da hepatite C (VHC) e transmitida principalmente por contacto com sangue contaminado [1]. Em 2014, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) autorizou o uso do sofosbuvir (Sovaldi®), o primeiro antiviral de ação direta (AAD) para o tratamento da hepatite C, em toda a União Europeia [2]. Em Portugal, esse medicamento foi disponibilizado em 2015, juntamente com outras opções terapêuticas, totalizando nove medicamentos ou combinações terapêuticas [3,4]. Estes tratamentos são gratuitos para todos os pacientes, altamente tolerados e altamente eficazes, alcançando taxas de sucesso próximas a 100% quando usados sozinhos ou em combinação com outros antivirais. Objetivos: Avaliar o impacto financeiro no tratamento da hepatite C no Sistema Nacional de Saúde. Métodos: Revisão narrativa da literatura. Resultados: Nos últimos anos, a negociação entre o governo e o titular de AIM resultou numa redução significativa dos preços destes medicamentos. O preço negociado do Sovaldi® 400 mg foi de 14.544,91 € para todas as embalagens adquiridas pelos hospitais do SNS. Já o preço do Harvoni® foi negociado para 16.318,29 €, valor que ainda assim fica muito aquém dos valores pagos noutros países, como o Egito ou a Índia [5]. Conclusão: A importância da colaboração entre as entidades públicas e as empresas farmacêuticas é fundamental para garantir que os medicamentos sejam acessíveis e adequados para os pacientes que deles necessitam. Até setembro de 2022, tinham sido iniciados um total de 30.309 tratamentos de Hepatite C em Portugal, com uma estimativa de 62.869 anos de vida ganhos, tendo-se poupado 271,4 milhões de euros em custos de tratamento das consequências da evolução da hepatite C.