Resumo
Enquadramento: Na área da oncologia é de extrema relevância a caracterização de biomarcadores farmacogenómicos que permitam compreender as características moleculares do doente e do tumor, adaptando uma estratégia mais benéfica para cada doente, aumentando e individualizando a precisão do tratamento. Mutações no gene DPYD podem diminuir ou eliminar a função da Dihidropirimidina Desidrogenase (DPD), afetando a capacidade da enzima metabolizar o 5-Fluorouracil (5- FU), quando este é utilizado no tratamento de tumores sólidos [1,2,4,6]. Objetivo: Demonstrar a relevância dos testes genéticos, na avaliação da deficiência da enzima DPD e a relação com a toxicidade grave associada ao uso de fluoropirimidinas. Métodos: Fez-se uma revisão bibliográfica com pesquisa na base de dados PuBMed. Limitamos a nossa busca a estudos de pesquisa clínica com genotipagem de variantes DPYD em doentes que desenvolveram toxicidade grave. Resultados: Foram analisados sete artigos dos quais concluímos que, existem mais de 450 variantes míssense descritas para o gene DPYD, no entanto, apenas estão estabelecidas como preditivas de toxicidade clínica significativa estas 4 variantes, encontradas em populações caucasianas: DPYD2A (rs3918290) = c.1905+1G>A; DPYD13 (rs55886062) = c.1679T>G; c.2846A>T (rs67376798); DPYDHapB3 (rs75017182). Conclusões: A deteção molecular das 4 mutações mais comuns, associadas a toxicidade grave, mostrou-se essencial na instituição de tratamento com fluoropirimidinas. Trata-se de uma abordagem essencial, mais segura, reduzindo a probabilidade de complicações iatrogénicas graves, contribuindo para uma medicina de precisão, com a melhoria na qualidade de vida do doente e baixando os custos associados a complicações que podem obrigar a novos internamentos [1,3,5,6,7]. A evidência mostra a importância da implementação da deteção molecular das 4 variantes mais prevalentes do gene DPYD, previamente à instituição de tratamento com 5-FU [2,5,6,7].
Referências
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