@article{Coelho_2018, title={Da desfuturização da GRH numa organização temporária: o caso de uma organização start-up}, url={https://parc.ipp.pt/index.php/iirh/article/view/2655}, DOI={10.26537/iirh.vi7.2655}, abstractNote={<p>A elevada taxa de insucesso observável no desempenho das organizações start-up, constitui uma observação empírica recorrente, em diferentes estudos que tomam a start-up como fenómeno socioeconómico emergente, significativo, no início do século XXI (Aldrich & Martinez, 2001; Singh et al., 2015; Krauss, 2009; Ucbasaran et al., 2010; Ucbasaran et al., 2013; Hanage et al., 2015). Apesar deste dado, o fracasso, o desaparecimento de uma organização start-up, recolhe escassa atenção pública (Krauss, 2009), se comparado com as histórias de sucesso frequentemente mediatizadas, gerando uma imagem truncada deste fenómeno enquanto realidade social e económica. <br>No contexto nacional, a referência a uma organização start-up, tem definindo, no momento presente, no plano dos discursos político e mediático, uma amenidade, uma platitude, correlativa da apologia dos seus méritos como factos consumados, anódinos, salvíficos. É reduzida a visibilidade de perspectivas alternativas que procurem interrogar um fenómeno, em si mesmo relevante, para uma putativa recomposição das práticas que enformam a actividade económica nacional. <br>Visando este alargamento de perspectiva(s), o presente artigo considera a organização start-up como organização temporária (Lundin & Soderholm, 1995; Lundin et al., 2015), um figurino organizacional que empresta atributos específicos às relações sociais de emprego e às práticas de gestão de recursos humanos (GRH) (Bredin & Soderlund, 2011). O foco da GRH tende a adquirir, com efeito, no quadro de uma organização temporária, um carácter contingente, em função da escassez de elementos instituintes de um sentido de permanência, de confiança, de continuidade social (March, 1995). <br> <br>Apresentando como suporte empírico um conjunto de observações registadas num diário de campo constituído no decurso de uma pesquisa de natureza longitudinal realizada entre Novembro de 2014 e Novembro 2015, numa das organizações start-up portuguesas que maior crescimento (e visibilidade) tem conhecido nos últimos três anos, o presente artigo procura explorar a “praxis” de GRH observada neste contexto. <br> <br>Regista-se, em termos empíricos, uma “praxis” de GRH tributária de uma lógica de gestão ancorada na experimentação e na descontinuidade, apresentadas, em termos discursivos, como uma necessidade estratégica da organização. Num quadro pontuado pela incerteza, a promoção deliberada de ruptura(s), de descontinuidade (nas práticas, nas equipas, nos objectivos), procura afirmar, de forma súbita, instantânea, uma aparência de desenvolvimento da organização start-up, o acesso a um estádio de maturidade e desenvolvimento organizacional qualitativamente diferenciado. A ênfase das práticas de GRH é colocada no recrutamento, a “talent acquisition” (a “aquisição de talento” já pronto), um foco apenso à gestão do elevado turnover, secundarizando-se iniciativas relativas a formação, desenvolvimento e envolvimento dos indivíduos e grupos com a organização, pela dificuldade de articulação consistente, continuada, de medidas nestes domínios. <br> <br>Observa-se, em paralelo, num contexto de relações de emprego tendencialmente efémeras, episódicas, um apelo ao cultivar proteano do indivíduo e da individualidade, expresso na <br>valorização de dispositivos de acompanhamento individual (one-on-one meetings; a celebração, em alusão gamificada, da superação de um objectivo individual). Trata-se de uma GRH essencialmente desfuturizada, uma gestão do que acontece.</p>}, number={7}, journal={Conferência - Investigação e Intervenção em Recursos Humanos}, author={Coelho, João Vasco}, year={2018}, month={Nov.} }