@article{Soares_2018, title={Suicídio e trabalho: Desafios para a GRH}, url={https://parc.ipp.pt/index.php/iirh/article/view/2656}, DOI={10.26537/iirh.vi7.2656}, abstractNote={<p>A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 800 mil pessoas cometem suicídio no Mundo. Isso representa uma morte a cada 40 segundos. Em diversos países, o número de suicídios e de tentativas de suicídio no ambiente de trabalho têm aumentado. Diversas cartas deixadas à família ou aos representantes sindicais mencionam o assédio moral, a sobrecarga de trabalho, a administração pelo medo como causas para esse ato irreparável. Na França, entre 2006 e 2010, mais de 60 trabalhadores se suicidaram na France Telecom, sendo que somente após a midiatização dessas mortes é que a organização decidiu tomar medidas para intervir nas mudanças organizacionais identificadas como a razão desses suicídios. <br>Certamente, o suicídio é um gesto complexo, relacionado a um conjunto de causas também complexas, evocando uma dor psíquica, sofrimentos e desespero. O trabalho não é a única causa, mas ele pode constituir uma das causas de um suicídio e até mesmo ser sua causa principal. As pesquisas sobre suicídio e trabalho ainda são incipientes. Na sua maioria, tenta-se apenas reconhecer as profissões ou setores onde há uma maior prevalência de suicídios, sem todavia analisar quais são as causas dessa prevalência. Muitos programas de prevenção, ainda hoje, não consideram o trabalho como uma causa possível do suicídio. Nossas pesquisas indicam, todavia, que a organização do trabalho pode ter um papel preponderante e significativo nas ideações de suicídio. <br>Nosso objetivo será de apresentar os resultados de nossas pesquisas no Quebec com seis (n=6) grupos ocupacionais diferentes (1- engenheiros, 2- colarinhos azuis, 3- trabalhadores e 4- profissionais no setor da educação, 5- trabalhadores de escritórios e 6- trabalhadores no setor da saúde), onde analisamos as possíveis relações entre as ideações de suicídio e nove variáveis organizacionais: carga de trabalho, autonomia, justiça organizacional, coesão das equipes, coerência de valores, reconhecimento, supervisão, comunicação e desenvolvimento de competências, que compõem o Areas of Working Life desenvolvido por Maslach & Leiter (1997). <br>A ideação de suicídio é uma representação mental que se traduz pela a intenção ou o desejo de se matar a sí mesmo, para colocar um fim a uma dor psíquica. Certamente, nem todas as pessoas que pensam em cometer esse ato irreparável, o farão. Entretanto, as ideações de suicídio estão sempre presentes antes de uma tentativa de suicídio ou de um suicídio (Mishara & Tousignant, 2004). <br>Desta maneira, a escolha do conceito de ideação de suicídio, repousa numa lógica de prevenção primária, pois se podemos identificar e compreender a dinâmica das variáveis organizacionais que podem ser a fonte desses pensamentos, podemos trabalhar na prevenção e na intervenção visando a eliminar o problema nas suas raízes ao invés de intervir após que o drama já tenha ocorrido ou de agir apenas nos sintomas, sem eliminar suas causas. <br>Utilizando regressões logísticas, estabelecemos as variáveis preditivas das ideações de suicídio para cada um dos seis grupos ocupacionais estudados. Nossos resultados indicam que a sobrecarga de trabalho, a falta de coesão nas equipes e assédio moral são dimensões incontornáveis em todos os grupos estudados para se compreender a dinâmica do aparecimento das ideações de suicídio. A partir desses resultados, vamos analisar o papel fundamental da GRH na prevenção e na intervenção dos suicídios associados ao trabalho, sobretudo em contextos organizacionais onde há décadas se procura fazer mais com menos e dividir para reinar.</p>}, number={7}, journal={Conferência - Investigação e Intervenção em Recursos Humanos}, author={Soares, Angelo}, year={2018}, month={Nov.} }