Novas perspetivas sobre o processo de recuperação de recursos

Autores

  • Alexandra Ribeiro da Costa Instituto Superior de Engenharia do Porto/IPP

DOI:

https://doi.org/10.26537/iirh.v0i4.2143

Resumo

Nos últimos anos, assistimos a mudanças profundas na relação entre tempo de trabalho e tempo de lazer. O processo de globalização, as mudanças económicas e sociais trouxeram alterações nas estruturas sociais, no trabalho e na forma como as pessoas gastam o seu tempo livre. Essas mudanças tiveram um impacto indelével na organização do trabalho, com consequências em termos das exigências impostas aos trabalhadores. Estes viram-se obrigados a adaptar-se a ambientes cada vez mais exigentes, stressantes e em constante mudança. Paralelamente, muitos trabalhadores viram aumentada a sua jornada de trabalho, com a consequente diminuição dos tempos de repouso, deixando pouco tempo para a recuperação das pressões a que estiveram sujeitos durante todo o dia de trabalho. Apesar disto, durante muitos anos os investigadores centraram as suas pesquisas na análise dos impactos negativos do stresse nos indivíduos e nas organizações. Não obstante a relevância dos conhecimentos produzidos por esta linha de investigação, até muito recentemente as pesquisas têm dado muito pouca atenção ao processo inverso ao stress, isto é, ao processo que permite reverter e reduzir os efeitos do stress. Só na última década, a área de estudo que se debruça sobre o processo de recuperação de recursos emergiu e ganhou terreno no contexto investigação internacional, sendo no entanto, em Portugal ainda muito incipiente. Uma análise dos estudos produzidos nesta área evidencia essencialmente duas preocupações dos investigadores. A primeira que se refere aos fatores que influenciam o processo de recuperação de recursos e, a segunda respeitante aos impactos deste processo nos indivíduos e nas organizações. Os resultados demonstram que é durante os períodos de lazer (férias, fins de semana e final da tarde) que os trabalhadores têm a oportunidade de se refazerem das situações de stress a que foram sujeitos no trabalho (Fritz & Sonnentag, 2005; Sonnentag, Binnewies & Mojza, 2007). É nestes períodos de paragem que os indivíduos, afastados das exigências profissionais, têm a possibilidade de recuperar os recursos gastos durante a jornada laboral. Os benefícios deste tempo de recuperação têm também sido descritos na literatura, tendo sido investigada a influência destes períodos na saúde, no bem-estar e no desempenho profissional. Neste artigo apresentamos um resumo do estado-da-arte desta área de investigação, destacando os resultados das principais investigações produzidas neste domínio. Assim, conceptualizando o processo de recuperação de recursos, evidenciamos os principais fatores explicativos deste processo, bem como os impactos deste processo na saúde, no bem-estar e no desempenho profissional dos trabalhadores. Tratando-se de uma área de investigação pouco desenvolvida em Portugal mas cujos resultados são de real importância para as pessoas e para as organizações, pelo que consideramos que este artigo poderá ser o estímulo necessário para o desenvolvimento desta linha de investigação no nosso país.

Publicado

2014-04:-04

Como Citar

Costa, A. R. da. (2014). Novas perspetivas sobre o processo de recuperação de recursos. Conferência - Investigação E Intervenção Em Recursos Humanos, (4). https://doi.org/10.26537/iirh.v0i4.2143